+
PAX
A Declaração do Pe. Stefan Pfluger FSSPX
Um artigo publicado na Info Católica sobre a declaração do Pe. Stefan Pfluger reflete a direção que Dom Fellay imprimiu à Fraternidade São Pio X durante os seus vinte e quatro anos à frente da Fraternidade.
O Pe. Stefan Pfluger é o superior do Distrito da Alemanha. Embora a sua declaração não tenha o mesmo peso que uma declaração do Superior Geral, ela nos permite ter algum conhecimento do que pensa a Fraternidade, pensamento este que reflete, em parte ao menos, as posições tomadas outrora por Dom Fellay.
Quando Dom Fellay tentou um acordo com Roma em 2012, houve uma viva reação da parte de diversos padres bem como de três bispos da Fraternidade. Ainda que estes acordos não tenham sido concretizados, pode-se notar, até hoje, alguns resquícios das ideias de Dom Fellay no modo de pensar do Pe. Stefan Pfluger, entre outros.
O Pe. Stefan Pfluger diz: “Não queremos nos separar de Roma e pertencemos à Igreja”. Dom Lefebvre também, e mais do que ninguém. Mas Dom Lefebvre dizia o que o Pe. Pfluger não diz. Ele dizia que dava toda a sua adesão à Roma eterna e se negava a seguir a Roma de tendência neomodernista e neoprotestante que se manifestou claramente no Concílio Vaticano II e nas reformas que dele surgiram.
O Pe. Pfluger faz bem em ressaltar que não se deve separar-se de Roma, mas de que Roma fala ele? Ele faz bem em afirmar que ele pertence à Igreja. Mas a crise atual nos obriga a perguntar: “A qual Igreja?”
Dom Fellay forjou o termo de Igreja Concreta. Isto parece um meio de evitar a questão. Se esta distinção entre Igreja Católica e Igreja Conciliar é falsa, por que Dom Lefebvre a utiliza? Por que diz ele então: “É, portanto, um dever estrito, para todo padre que quer permanecer católico, separar-se dessa Igreja Conciliar, enquanto ela não reencontrar a tradição do Magistério da Igreja e da Fé católica”. (A Vida Espiritual, pag. 31 – Editora Permanência).
Que isto seja um mistério, não há nenhuma dúvida. Como pode haver duas Igrejas? Como pode a Igreja católica estar ocupada pelos seus inimigos? Não o sei. O que sei é que ela está ocupada. É um fato. Ela está ocupada e é um dever estrito de todo padre que quer permanecer católico separar-se dessa Igreja Conciliar, enquanto ela não reencontrar a tradição do Magistério da Igreja e da fé católica. É mais fácil constatar um fato do que explicá-lo. Mas é temerário recusar as constatações feitas por Dom Lefebvre. Falar da Igreja concreta já é procurar aproximar-se dos inimigos da Igreja que a ocupam.
O Pe. Pfluger dá a entender que a Fraternidade fará todo o possível para obter de Roma um consentimento para novas sagrações episcopais. Em si este pedido, mesmo feito à Roma ocupada por um papa modernista, não encerra essencialmente uma falta, pois, mesmo ocupada, a Igreja não mudou sua sede para nenhum outro lugar. No entanto, o exemplo de Dom Lefebvre nos mostra que ele não achava esse pedido essencial. Ele anunciou, em 1987, que ele sagraria bispos, provavelmente, na festa de Cristo Rei daquele ano. Houve, se não me engano, mais de uma data prevista. Roma, então, precipitou-se a oferecer a Dom Lefebvre a possibilidade de um acordo e da concessão de bispos. Ao invés de Dom Lefebvre pedir, foi Roma quem ofereceu. A sequência dos fatos e conhecida e está no livro de Dom Tissier de Mallerais.
Dom Lefebvre me disse, nos anos de 1984-1985, que ele tinha muita repugnância em sagrar bispos sem a permissão de Roma, mas que ele se perguntava se Nosso Senhor não lhe diria, após sua morte: “O senhor podia fazê-lo. Por que não o fez?”
A questão da permissão é muito importante, mas não é essencial no estado de necessidade em que estamos. Dom Licínio foi sagrado em 1991 em São Fidelis, Estado do Rio de Janeiro, por Dom Tissier de Mallerais, assistido por Dom Williamson e por Dom de Galarreta. Eu nunca ouvi dizer que se tenha pedido permissão a Roma para isso.
Alguns padres da Fraternidade parecem ter noção diminuída da crise atual. Não todos. Alguns são fiéis a Dom Lefebvre. Alguns, talvez, pensem que a Resistência é sedevacantista. Não. A Resistência é discipula de Dom Lefebvre, o qual não era nem modernista, evidentemente, nem sedevacantista, nem acordista. Dom Lefebvre é o santo Atanásio da crise do Vaticano II. As soluções que ele deu para a crise atual, as suas palavras e suas atitudes são uma luz para todos os católicos que querem permanecer fiéis às promessas do seu batismo.
Que Nossa Senhora nos obtenha a graça de sermos fiéis aos seus ensinamentos, que não são outros senão os ensinamentos da Igreja Católica, consignados na sua Tradição de dois mil anos. São os ensinamentos de Nosso Senhor, confiados aos santos apóstolos.
+ Tomas de Aquino O.S.B.