Por Dom Williamson
Número CMVI (906) – 23 de novembro de 2024
CAOS CONTROLADO
Deus, então, se retirou; uma punição bastante justa.
Mesmo assim, os homens seguem decididos a falir!
Se há uma palavra que descreva o estado da Igreja Católica hoje, certamente essa palavra é “caos”. A estrutura normal da Igreja é a de uma pirâmide, com a própria Autoridade de Deus descendo através do Papa, dos cardeais, dos bispos e dos padres, todos erguidos por Deus para cuidar de Suas ovelhas, ou leigos, no nível terreno. Essa hierarquia consiste em homens falíveis, de cima a baixo, que podem cometer erros em todos os níveis. No entanto, se em circunstâncias normais um Superior da hierarquia se comporta mal, ele geralmente tem um Superior próprio a quem terceiros podem apelar contra seu mau comportamento, porque qualquer Superior da Igreja normalmente tomará decisões de acordo com o Direito Canônico e, com um mínimo de boa vontade, de acordo com a Verdade e a justiça. E assim, em circunstâncias normais, de baixo para cima, é possível apelar até Roma.
No entanto, o que acontece quando o ser humano falível no topo dessa pirâmide perde seu senso da Verdade e da justiça, e até mesmo sua boa vontade? Só pode haver caos na Igreja de cima a baixo, porque a Igreja Católica foi projetada por Deus para ser uma monarquia na qual há Sua própria Autoridade divina para proteger as grandes verdades da salvação, para que Ele possa povoar Seu Céu com almas que compartilhem a Sua bem-aventurança. Essa Autoridade é reconhecida e exercida em todos os níveis da hierarquia, mas de modo supremo pelo Papa, que não tem acima dele nenhum Superior humano, mas apenas Deus. Segue-se que se o Papa, ou o homem de branco que é universalmente aceito como Papa, perdeu todo o senso da Verdade, que é a única razão pela qual somente ele recebe sua imponente Autoridade sobre a Igreja, superando todas as autoridades meramente humanas, então a Igreja está em estado de caos, de cima a baixo.
Nesse aspecto, a Igreja Católica se assemelha a uma boneca marionete, que consiste de várias peças de madeira colorida sustentadas por cordas, e estas sustentadas acima pelo marionetista. Se por um momento o marionetista soltar as cordas, a boneca inteira desmorona em um amontoado de pedaços de madeira desordenado. Se por um momento Deus Todo-Poderoso soltar Seu Papa e Seus cardeais em Roma, Seus bispos, padres e leigos se transformarão em um amontoado de católicos, desunidos e divididos entre si, muitos deles se esforçando para recriar em seu próprio cantinho uma aparência daquela Autoridade divina que pode vir somente de Deus. O que mais eles podem fazer? Os católicos mais sábios reconhecem sua impotência básica, que persistirá a menos e até que Deus restabeleça um Papa Católico. Enquanto isso, os católicos devem fazer o que puderem para restaurar a catolicidade, e ajudar todos os outros católicos a fazerem o mesmo, contanto que tenham a Fé Católica (e aqui, que ninguém pretenda ser infalível!).
E quanto ao Papa, ou aquele que se apresenta como tal? A perspectiva correta sobre a história da humanidade é que, por causa do pecado original, cada uma de suas Sete Idades é lançada por uma figura fundamental, seguida por um período de decadência que se estende até que a figura fundamental seguinte seja designada por Deus para levantar a humanidade novamente, e assim vai até que o Anticristo ponha fim à Sétima Idade do Mundo, que foi introduzida pelo próprio Deus com a Sua Encarnação, há cerca de 2000 anos.
Essa Sétima Idade terá sido de longe a maior, pois a Encarnação de Deus em si foi o momento decisivo da história humana, o clímax de todas as Sete Idades, e a Encarnação continuou desde então através da Igreja Católica, com Jesus continuando a viver e a salvar almas para a eternidade entre todas as raças e nações.
Mas Deus, para honrar o homem, escolheu confiar Sua Igreja não a anjos, mas a homens falíveis, sem transformá-los em robôs tirando-lhes seu livre-arbítrio. Isso significa que Ele se expôs à possibilidade de que os ministros humanos de Sua Igreja eventualmente abusassem muito de seu livre-arbítrio dado por Deus a ponto de destruir Sua Igreja. Foi o que aconteceu virtualmente no Vaticano II (1962–1965). Em 1968, Deus deu à humanidade uma segunda chance, quando orientou o Papa Paulo VI a condenar os meios artificiais de controle de natalidade na Encíclica Humanae Vitae. Mas toda a humanidade, não apenas os católicos, se levantou em revolta para condenar o velho vestido de branco, que vivia em Roma, que se supunha não saber nada sobre matrimônio.
Deus Todo-Poderoso então disse, por assim dizer: “Tudo bem. Façam do jeito de vocês. Se não querem a Minha Igreja, tenham a sua própria, e vejam se gostam dela. Adeus por enquanto. Entrem em contato assim que quiserem a Minha Igreja de volta. Enquanto isso, eu a manterei viva, em estado de angústia. Estarei esperando notícias de vocês. Eu ainda vos amo”.
Kyrie eleison.