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Comentários Eleison nº 889


Por Dom Williamson

Número DCCCLXXXIX (889) – 27 de julho de 2024


ROMANOS XI


Os planos de Deus superam em muito os caminhos humanos.

Não julguemos, mas amemos e louvemos.


Com Romanos XI chegamos ao terceiro e último dos três capítulos completos de São Paulo destinados a explicar aos gentios como tantos membros da Raça Eleita do Antigo Testamento puderam estar naquele momento causando escândalo ao recusar o Novo Testamento. Durante suas viagens missionárias, São Paulo repetidamente encontrou oposição violenta da Raça Eleita, então ele sabia muito bem o quão mal eles podem comportar-se. Ver I Tess. II, 14–16, onde ele diz que eles "desagradam a Deus" e "se opõem a todos os homens", mas que "a ira de Deus caiu sobre eles". São Paulo não teria ficado surpreso com seu último e mais cruel "corte de grama" em Gaza.


No entanto, em Romanos XI não há nenhum traço do tal "antissemitismo" (termo que a Raça Eleita atribui a ele, pois ela o emprega em qualquer oposição a qualquer coisa que alguém de sua raça faça ou diga). São Paulo pode ter intuído que qualquer denúncia de seus crimes teria afastado os leitores gentios de sua Epístola da compreensão da infidelidade da rejeição a Cristo por parte dos judeus. Assim, em vez disso, ele fornece três razões principais pelas quais a Providência de Deus pode ter permitido aquela infidelidade. Em primeiro lugar (1–10), é somente parcial; em segundo lugar (11–24) é altamente útil, e, em terceiro lugar (28–32) é apenas temporária. Ao elevar seus leitores a um nível muito mais alto do que os crimes judaicos, São Paulo prepara o caminho para encerrar seus três Capítulos, do IX ao XI, com um breve hino ao glorioso mistério dos caminhos insondáveis ​​de Deus (33–36).


Assim, em primeiro lugar, Deus não rejeitou o Seu povo do Antigo Testamento, porque em cada geração há um remanescente de judeus salvos pela graça. O próprio São Paulo é judeu de sangue, e quando os judeus se convertem verdadeiramente a Cristo, eles podem tornar-se excelentes católicos, porque, diferentemente dos convertidos gentios, eles estão, por assim dizer, voltando para casa. Então, uma minoria escolhida de judeus alcança seu objetivo celestial, mesmo que uma grande maioria esteja cega (1–10).


Em segundo lugar, a infidelidade dos judeus é altamente útil, porque a conversão dos gentios é projetada para provocá-los ciúme, e se a sua rejeição a Cristo abriu o caminho para os gentios serem salvos na Igreja de Deus, então seu retorno a Cristo no fim do mundo será a ressurreição dos gentios. Além disso, o tronco básico de videira judaica (por exemplo, Abraão, Isaque e Jacó) ainda é santo, mesmo que muitos judeus tenham se separado dele; e assim, que os cristãos gentios, que são meros enxertos naquele tronco de videira, se lembrem de que eles mesmos também podem separar-se dele, ainda que posteriormente possam ser re-enxertados. Afinal de contas, todos os gentios dependem, como cristãos, desse tronco de videira para seu cristianismo (11–24).


E em terceiro lugar, a infidelidade dos judeus ao Evangelho de Cristo e ao Novo Testamento é apenas temporária, porque no fim do mundo, quando o Evangelho tiver sido pregado a todos os gentios, os judeus restantes se converterão coletivamente, ou seja, como um todo, ainda que com exceções. Pois, de fato, os judeus ainda são o povo eleito, chamado Povo de Deus e dotado como tal. O Sagrado Coração nunca se esqueceu de Seu próprio Povo, como Ele mostrará quando convertê-los pouco antes do fim do mundo. Enquanto isso, eles descreem n’Ele para obter a mesma misericórdia que Ele concedeu aos gentios outrora descrentes (30–32).


E como conclusão para todos os três capítulos sobre o mistério da Raça Eleita do Antigo Testamento que rejeita o Novo Testamento, São Paulo glorifica os maravilhosos e insondáveis​​ caminhos de Deus. Por 2000 anos, desde a Encarnação, Nosso Senhor não foi compreendido pela grande maioria de Seu próprio Povo, e, além disso, uma vez que “Quanto mais alto eles estão, mais duramente caem”, então não apenas eles O rejeitaram, mas a Raça Eleita de Deus se tornou o instrumento escolhido de Satanás, como vimos desde outubro passado em Gaza, em tal crueldade deliberada para com os palestinos a ponto de ter sido condenada em todo o mundo. E Deus os exterminou, ou São Paulo protestou contra sua inimizade para com Deus e o homem (I Tess. II, 16)? Não, Deus fez uso da desumanidade deles como um flagelo constante nas costas dos católicos infiéis para trazê-los de volta a Ele, e inspirou São Paulo a discernir que proveito Ele tira da inimizade deles em relação a Ele mesmo. Imitemos São Paulo, se pudermos.


Kyrie eleison.

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