Por Dom Williamson
Número DCCCXC (890) – 3 de agosto de 2024
LEI DEFINIDA
E se eu não vejo essa monstruosidade, devo rezar,
Como se tem insistido, todos os Quinze Mistérios por dia!
As tentativas desesperadas do Papa Francisco de usar toda a sua Autoridade papal para esmagar o rito tridentino da Missa e eliminá-lo da Igreja Católica de uma vez por todas, estão ganhando, com razão, cada vez menos força entre os católicos. Como Deus Todo-Poderoso pode ter permitido que Sua própria Autoridade que Ele confia a Seu Vigário na Terra seja tão mal utilizada, continua sendo um mistério, porque é claro que Ele a entrega nas mãos dos homens para construir Sua Igreja, e não para derrubá-la. Muitos católicos estão tão angustiados pelo problema, que estão recorrendo à solução simples do sedevacantismo, que defende a teoria de não ter havido nenhum Papa válido desde João XXIII (1958-1963), ou seja, que os seis Papas desde o Vaticano II (1962-1965) não foram absolutamente Papas. Mas essa teoria, que parece resolver o problema dos Papas Conciliares com tanta facilidade, assume muitas formas contraditórias, e pode até levar católicos a abandonarem a Fé completamente, sob o argumento de que não pode haver nenhum sacerdócio válido, pelo que eles podem muito bem ficar em casa em vez de ir à Missa. Assim, o sedevacantismo tende a levantar mais problemas do que parece resolver.
Tais frutos sugerem que o sedevacantismo pode perfeitamente não ser a solução correta para o grave problema estabelecido por todos os seis Papas Conciliares, um após o outro, que culmina nos horrores especiais do Papa Francisco. Pode ser um bom momento para lembrar a solução frutífera do Arcebispo Lefebvre (1905–1991), o Tradicionalismo, do qual ele foi o pioneiro notável da oposição hoje ao modernismo do Vaticano II.
Tradição é Catolicismo, ele disse, e Catolicismo é Tradição. “Jesus é o mesmo, ontem, hoje e para sempre” (Heb. XIII, 8). Séculos de protestantismo e liberalismo criaram um mundo moderno tão glamoroso e sedutor que, por fim, até mesmo os vigários de Cristo na Terra se deixaram persuadir de que Jesus precisa adaptar-se ao homem moderno, e não o contrário. Porém, Jesus e Sua Igreja não precisam de modernização, mas tão somente ser apresentados como a Tradição Católica sempre o fez nos tempos passados. E o êxito surpreendente da Fraternidade Sacerdotal São Pio X do Arcebispo em todo o mundo, pelo menos até sua morte em 1991, provou que a versão tradicional de Jesus e Sua Igreja ainda pode florescer, apesar da modernidade.
O que disse então o Arcebispo sobre a Autoridade Católica modernista? Que mesmo os Papas católicos continuam sendo por si mesmos homens falíveis, a menos que eles façam uso de sua Autoridade infalível, o que só pode dar-se sob as quatro condições estritas claramente estabelecidas na solene Definição de infalibilidade de 1870. Se todas essas quatro condições não estiverem presentes — e vale observar que os Papas conciliares nunca apresentaram todas as quatro condições em sua promoção das novidades conciliares —, os Papas são tão capazes de cometer erros quanto qualquer ser humano normal. Assim, absolutamente nenhuma das novidades modernistas do Vaticano II está sob a proteção da infalibilidade papal, que é altamente restrita em sua aplicação prática.
Mas e quanto às ordens papais do atual Papa para abandonar o rito tradicional da Missa em latim? Não estamos obrigados a obedecê-las? Não, não somos obrigados a obedecê-las, porque não são ordens legais, como o Arcebispo Lefebvre sempre disse, e como a Igreja Católica sempre disse. O Papa não tem poder de Deus para ordenar qualquer coisa que venha à sua cabeça. A definição de lei é que é um mandato da razão para o bem comum, feito por aqueles que são responsáveis pelo bem comum. Assim, se não for para o bem comum, como qualquer lei que pretenda legalizar o aborto, então absolutamente não é lei.
Portanto, quando se trata do sacrifício da Missa, do qual o Padre Pio disse que nosso planeta Terra pode mais facilmente ficar sem a luz do sol do que sem esse sacrifício, substituir seu rito mais venerável e digno em latim, centrado em Deus, por um novo rito em línguas modernas, doutrinariamente duvidoso, sem dignidade, inventado para centrar-se no homem, é algo que se opõe tão claramente ao verdadeiro bem comum da Igreja Católica que não pode ser objeto de uma lei verdadeira da Igreja. Desse modo, nenhuma pretensa lei deve ser obedecida, por mais que o Papa Paulo VI ou o Papa Francisco, ou os sucessores deles, tentem impor tal monstruosidade.
Kyrie eleison.