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Comentários Eleison nº 912

Por Dom Williamson

Número CMXII (912) – 4 de janeiro de 2024


CAMPO DE BATALHA, A MISSA


Entre a Missa nova e a Antiga há guerra,

Que terminará não com conversa mole, mas com sangue derramado!


"Remova a Missa, destrua a Igreja" é uma citação famosa atribuída a Martinho Lutero (1483–1546). Talvez ele nunca tenha dito isso, embora pareça altamente provável que o tenha feito, mas em todo caso o conteúdo da citação é verdadeiro, como os católicos puderam ver após o Vaticano II. O primeiro dos 16 documentos daquele Concílio, o “Sacrosanctum Concilium”, refere-se à liturgia, mas com palavras completamente ambíguas. Elas podem parecer conservadoras, mas na verdade foram concebidas para abrir a porta para aquela revolução litúrgica que, após o Concílio, praticamente destruiu a Missa. Logo após a imposição oficial (aparente) da missa nova do Papa Paulo VI em 1969, o Arcebispo Lefebvre disse que se ele tivesse que introduzi-la em seu recém-fundado Seminário de Écône, provavelmente fecharia o Seminário em três semanas. Esse é o poder anticatólico da liturgia “renovada”, pois é assistindo à Missa que a maioria dos católicos vive a sua religião.


Na verdade, de 1969 até hoje, a liturgia “renovada” do Papa Paulo VI transformou o rito da Missa no campo de batalha central da grande guerra da Fé entre o Catolicismo imutável da Tradição e a Revolução em constante evolução do protestantismo-liberalismo-modernismo. E ainda é o campo de batalha central, como demonstra a perseverança do Papa Francisco em seus esforços insanos para suprimir completamente a Missa em latim. Segue resumido abaixo um excelente artigo de um leigo francês, Yves de Lassus. Aqui está o artigo original, muito mais completo, traduzido para o inglês: https://respicestellam.org/wp-content/uploads/2024/12/Letter-to-Friends-of-AFS-Jan-22.pdf


Em 18 de dezembro de 2021, a Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos (CCD) publicou uma nota intitulada Responsa ad dubia respondendo a perguntas sobre a aplicação do Motu Proprio Traditionis Custodes. Muitos fiéis ficaram perturbados com a dureza dessa resposta. Mas desde o início, a intenção do Motu Proprio era clara; a resposta da Congregação apenas torna explícita uma firmeza já expressa no Traditionis Custodes. Para a CCD, a missa é a “partilha do pão partido” e o “memorial da Páscoa”. Assistir à missa significa “participar da mesa eucarística”. Nunca se menciona que a Missa é um sacrifício, a renovação incruenta do Único Sacrifício de Cristo na Cruz.


Essa eliminação do caráter sacrificial é acentuada pelo propósito que a CCD atribui à missa. Para a CCD, o propósito da missa é a unidade. O primeiro objetivo do Traditionis Custodes, e consequentemente da própria missa, é “continuar a busca constante pela comunhão eclesial”. Nenhum dos quatro propósitos tradicionais da Missa é lembrado. Para a CCD, a missa é acima de tudo uma manifestação de unidade entre os homens em vez de um ato inteiramente voltado para Deus. Assim, fica claro que a intenção geral da resposta da CCD é pôr fim de uma vez por todas ao uso do Missal tradicional. O antigo rito, diz a CCD, “não faz parte da vida ordinária da Igreja”. Além disso, a CCD insiste que “a reforma litúrgica é irreversível”. Qualquer retorno ao antigo rito deve ser, portanto, considerado impossível.


Não devemos esconder-nos da verdade. A Santa Sé entrou em guerra contra o Rito Tradicional com o desejo de erradicá-lo completamente da vida da Igreja. É uma guerra real entre duas concepções diferentes da Missa e duas concepções radicalmente opostas da Igreja e da vida cristã. Temos até o direito legítimo de perguntar-nos se elas são a mesma religião. Portanto, é uma ilusão esperar que a Santa Sé suavize sua posição se apenas mantivermos um discurso conciliatório. Não! Roma quer o fim da Missa Tradicional, enquanto queremos manter o Rito Tridentino, porque é desejado pelo próprio Deus. Diante dessa guerra entre os dois ritos, não é mais possível adiar uma decisão. Devemos escolher um lado ou outro.


Qual lado? Devemos condenar o erro, mesmo que venha da Santa Sé. A Missa é, antes de tudo, um sacrifício oferecido a Deus para um propósito que é ao mesmo tempo adoração, ação de graças, propiciação e expiação. Nenhum Papa pode revogar a Bula de São Pio V que autoriza o uso do Missal Tradicional em perpetuidade.


A Missa está em uma situação que, em muitos aspectos, se assemelha àquela experimentada por Nosso Senhor durante sua Paixão: a Autoridade suprema a condena à morte. Mas durante a Paixão, Nossa Senhora não se rebelou: Ela permaneceu infalivelmente próxima de Seu Filho, silenciosa e recolhida. Sem dúvida, Ela rezou pelos carrascos. Com relação à Missa em latim, adotemos a mesma atitude: permaneçamos infalivelmente apegados a ela, mesmo que tenha acabado de ser condenada à morte.


Kyrie eleison.

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