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Comentários Eleison nº 914


Por Dom Williamson

Número CMXIV (914) – 18 de janeiro de 2024


TRAIÇÃO DA FSSPX


Que uma donzela não se encontre com os lobos. Eles podem ser encantadores,

E esse encanto pode acabar por desarmá-la!


O que uma donzela inocente pode saber sobre a crueza da vida?

Eis por que o próprio Arcebispo foi a Roma.


Na Internet, no site https://crowdbunker.com/v/A7bwTo5Ysp, há um interessante vídeo em francês intitulado “La Trahison de la Fraternité Saint-Pie X - Racontée par des Prêtres [A Traição da FSSPX, Contada por Padres]”. A imagem de fundo mostra o Papa Bergoglio e o Pe. David Pagliarani, Superior Geral da FSSPX (Fraternidade Sacerdotal São Pio X), com suas cabeças juntas, como se fossem grandes amigos. Mesmo que a imagem seja uma caricatura, e não uma imagem real, é uma boa caricatura, porque resume a enorme irrealidade que ambos estão buscando, ou seja, que 2+2=4 e 2+2=4 ou 5 (ou 6 ou 6 milhões), podem conciliar-se em 2+2 = quatro e meio. Mas essa é exatamente a mesma conciliação irreal com que o Papa Bento e o Bispo Fellay sonhavam em 2009. O sonho irreal dos liberais é que as coisas não sejam necessariamente o que são objetivamente, mas qualquer coisa que eu possa subjetivamente gostar que sejam. Por exemplo, se eu não gosto dos Dez Mandamentos, então eu os converto em Dez Opções!


E se por mais dez anos nada interromper o curso atual dos assuntos da Igreja, então em 2035 outro líder da Igreja e outro Superior Geral da FSSPX serão caricaturados da mesma forma, porque o líder liberal da Igreja ainda estará passando-se por amigo da Tradição Católica, enquanto o líder tradicional da FSSPX dos sonhos ainda estará buscando a aprovação por parte dos verdadeiros inimigos da Fé na Igreja oficial. Um bom cartunista poderia melhorar a caricatura retratando o Pe. Pagliarani como Chapeuzinho Vermelho e o aparente Papa como o Lobo Mau: "Que dentes lindos você tem", ela bajula. "São para te comer melhor, docinho!"


No entanto, "Não julgueis, para que não sejais julgados", diz Nosso Senhor no Sermão da Montanha (Mt. VII, 1–5). Certamente nem todos os sacerdotes da FSSPX são traidores, nem todos estão bem cientes de que querem livrar-se do último vestígio do Arcebispo Lefebvre. Certamente os seminaristas nos seminários que ele construiu ainda estão recebendo algo herdado dele. O problema está entre seus superiores, liberais firmemente entrincheirados nos comandos da FSSPX na sede em Menzingen, na Suíça. Talvez eles mesmos acreditem firmemente que a doutrina católica exclui a contradição, tão certamente quanto 2+2=4 exclui a contradição na aritmética. Mas como então eles podem estar tão empenhados em obter a aprovação oficial da Igreja para a Tradição Católica dos apóstatas de hoje em Roma? Estes têm o modernismo firmemente em suas cabeças, o que significa o profundo enfraquecimento da verdade antiga e óbvia. Entre os ouvidos modernos não há mais células cinzentas suficientes capazes de compreender a antiga verdade.


Tanto é assim que quando um possível amigo da FSSPX propôs que ela seguisse o exemplo de 1988 do Arcebispo Lefebvre, tomando para si, mesmo sem a aprovação de Roma, os Bispos de que tanto precisa para seu apostolado mundial, um amigo mais triste e sábio respondeu: “Isso já não é possível”. A sede da FSSPX impôs aos seminários da Neofraternidade uma doutrina de obediência às autoridades romanas e de obediência às autoridades da Neofraternidade, que imergiu em total confusão os jovens padres que saíram desses seminários nos últimos anos. Tal como na Igreja dos anos 1950, a obediência teve precedência sobre a Verdade. Consequência: “Você deve fazer o que eu digo, apenas porque eu digo”. Essa loucura já era expressa em latim: “Hoc volo, sic jubeo. Sit pro ratione voluntas” (Assim eu quero, assim ordeno, que a minha vontade substitua a razão.)


Na década de 1950, os católicos tinham um problema muito real, que era: como preencher a lacuna cada vez maior entre as necessidades reais da Fé e a impiedade real do mundo moderno, que aumentava continuamente. O cinquentismo – “Pague, reze e obedeça”, ou mantenha as aparências da Fé enquanto esvazia a sua substância – não era a solução necessária. Naturalmente, as aparências sem a substância significavam o colapso tanto das aparências quanto da substância, mas essa já era a Igreja dos anos de 1960. O Vaticano II naturalmente seguiu o cinquentismo. O Vaticano IIB corre o risco de seguir gravemente amanhã o que Menzingen está impondo aos seus seminaristas hoje.


Portanto, a Neofraternidade de hoje, mas não todos os seus sacerdotes, está levando não para longe, mas de volta ao Vaticano II dos terríveis anos 1960. “Caveant, consules”. Cuidado, líderes. Parem pelo menos de inspirar cartunistas a fazerem sátiras de vocês se relacionando com seu inimigo mortal!


Kyrie eleison.

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