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1 - Mas quem irá para o Paraíso?
Qual o caminho que lá conduz? A essa posse feliz irá quem é inocente e limpo de coração: Innocens manibus et mundo corde (Sl 23,4). Irão aqueles que, além de não terem feito mal, tiverem feito o bem: Qui non accepit in vano animam suam (ibid).
2 - O Caminho espinhoso
O caminho do Paraíso é cheio de espinhos. Neste mundo é preciso padecer; mas ouvi o que diz S. Paulo: “Os padecimentos do tempo presente não têm proporção com a glória vindoura que em nós se manifestará: Non sunt condignae passiones huius temporis ad futuram gloriam quae revelabitur in nobis” (Rom 8,18).
As duas coroas - Santa Catarina de Sena (+ 1380) amiúde tinha visões. Certa vez lhe apareceu Jesus Cristo trazendo na mão duas coroas, uma de ouro e a outra de espinhos; e lhe disse: “Escolhe uma destas coroas; mas fica sabendo que se queres nesta vida a de ouro, terás depois os espinhos na outra vida; no entanto, se preferires os espinhos nesta terra, terás a coroa de ouro na eternidade”. A santa escolheu logo a coroa de espinhos.
***
Quem quer apenas gozar neste mundo padecerá no outro, como aconteceu ao rico epulão. No entanto, quem sofrer com paciência e resignação aqui, terá lá alegrias celestiais, como aconteceu ao pobre Lázaro. Aliás, os padecimentos por aqui são breves, e a recompensa lá em cima é imensa: Merces vestra copiosa est in coelis (Mt 5,12).
Conclusão
Queridos filhos, quereis ficar sem a felicidade do Paraíso, que Jesus Redentor nosso nos mereceu, derramando o Seu sangue? Mantende para lá os olhos! Lá é a nossa pátria... o nosso Reino... Nossa moradia não é aqui! Buscamos a futura: Futuruam inquirimos (Hebr 13,4).
A Mãe dos Macabeus – Lê-se na Sagrada Escritura (2 Mac 7) que o rei Antíoco fez trucidar muitos hebreus em Jerusalém. Havia naquele tempo uma boa mãe que tinha sete filhos, os quais temiam e amavam a Deus. O tirano queria que esses bons filhos desobedecessem às leis de Moisés e ofendessem a Deus; porém, eles não. E ouviam a mãe que lhes dizia:
- Sêde fieis a Deus e não temais a morte!
Foram, então, martirizados do modo mais cruel. O tirano mandou arrancar-lhes os cabelos, cortar-lhes as mãos e a língua; fê-los queimar em fogo lento...
Nesse tormento morreram seis filhos ante os olhos da mãe. Restava o último, o menor e o mais amável garotinho. O impiedoso algoz, voltado então para aquela mãe, lhe disse:
- Tem compaixão desse teu filho. Se fizeres com que ele me obedeça, restitui-lo-ei salvo; senão, desabafarei sobre ele e depois sobre ti todo o meu furor.
Aí a mãe toma nos braços o filhinho, banha-o de lágrimas e lhe diz alto:
- Caro filho, olha o Paraíso que te receberá dentro em pouco: Peto, nate, ut aspicias ad coelum (2 Mac 7, 28); teus irmãos estão lá a te esperar; fica firme em teu propósito, e terás a coroa da glória!
O filho sofreu o martírio, e a mãe também, de preferência a renunciar ao Paraíso.
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Meus filhos, que dizeis? Que pensais agora? Não se trata absolutamente de passar entre as espadas e o fogo para ir ao Paraíso: o Senhor quer muito menos! Basta fugir dos pecados; viver sempre no santo temor de Deus, frear as paixões... praticar as virtudes...
Pensai, pois, bem nisso! Os olhos no Céu! E resolvei ganhar a todo custo o Paraíso!
(Extraído do livro A Palavra de Deus em Exemplos, G. Montarino,
Do original La Parole di Dio per la Via d’Esempi)