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Militantes, unamo-nos



Por Gustavo Corção,

publicado n’o Globo em 31-03-1973


TANTOS LEITORES, DIANTE DA INCOMPREENSÍVEL CALAMIDADE DA CIVILIZAÇÃO E DO CATOLICISMO, ME PERGUNTAM AFLITOS: COMO PODE? COMO PODE? TODOS QUEREM TER AO MENOS UMA PISTA, UMA PRIMEIRA APROXIMAÇÃO DO MISTÉRIO DE TAL TEMPESTADE. QUEM NÃO QUERERÁ AO MENOS VISLUMBRAR UMA TÊNUE EXPLICAÇÃO DAS CAUSAS DESSA FEBRE QUE DEU NO MUNDO E SE INFILTROU NA IGREJA? É UMA TENTATIVA, QUE ME CUSTOU ANOS DE ESTUDO E DE AUSCULTAÇÃO DA MÁQUINA DO MUNDO, É ESSA APROXIMAÇÃO QUE HOJE TENHO A ALEGRIA E O TEMOR DE ANUNCIAR NO NOVO LIVRO QUE ACABA DE SAIR:

O SÉCULO DO NADA


Eis, em resumo, o conteúdo do livro:


DEPOIS de uma introdução que anuncia algumas retratações, reafirmações, interrogações e outros ões, e onde o autor traça sua experiência pessoal na tragédia do catolicismo de nosso tempo, e a parte que repercutiu no Brasil, a obra desloca seu observatório para os lugares da Europa de onde nos veio tamanho mal, e de onde esperamos a saudável reação. Refiro-me especialmente à França e à Espanha.


OS DOIS primeiros capítulos giram em torno dos equívocos criados pelo esquema Direita-Esquerda, para mostrar que se trata de um jogo falso e falseador, que nos foi imposto pela chamada "esquerda". São análises talvez fastidiosas, para as quais o autor espera a paciência do leitor que quer efetivamente compreender o sentido geral da obra. Daí por diante, e principalmente a partir do início do Século XX, a obra se tece de fatos focalizados, interpretados e arrumados em forma de cronologias paralelas. No Capítulo I da Parte II o autor assinala os marcos onde se vê que os acontecimentos do Século XX sistematicamente favorecem e engrossam a Revolução. No capítulo seguinte nosso observador está ora em Paris, ora em Roma e ora na Espanha. Vê-se neste capítulo que foram as esquerdas, inclusive e principalmente as esquerdas católicas, que provocaram a humilhante queda da França em 40.


O LEITOR talvez pergunte: "Mas por que Século do Nada?" O título dessa obra, que focaliza especialmente o Século XX, poderia ser outro. Por exemplo: "O Século do Desespero", porque nesse século, inclusive nos meios católicos ou principalmente nos meios católicos, apostou-se tudo no triunfo temporal do homem: os católicos "progressistas" ou secularizantes querem tudo aqui e agora, e filiam-se à Revolução que, antes de ser um movimento motivado por desejos temporais, é um movimento de anarquia e de contestação de todos os senhorios, a começar pelo de Deus. O resultado de tão desviadas esperanças não tardou: hoje o mundo nos oferece o espetáculo apavorante de um desespero planetário. Todos nos entreolhamos e nos perguntamos como será dentro de vinte anos.


TAMBÉM poderia ser chamado o Século das Imposturas, ou o Século dos Empulhamentos, porque em todos os capítulos o autor salienta ou denuncia as falsificações difundidas pela Revolução e por seus vendedores. Dir-se-ia que, particularmente nos últimos séculos, a História é uma coleção de histórias mal contadas. Poderíamos desenvolver a obra com uma antologia dos principais empalhamentos que todos nós engolimos: o do humanismo da Renascença (que na verdade foi o começo de um desumanismo); a Tomada da Bastilha e o 14 de Julho; que só têm igual na nossa Batalha de Itararé, que não houve.


EA HISTÓRIA mal contada da Action Française. e de Charles Maurras, que eu mesmo engoli enquanto dedicava o tempo disponível à leitura da filosofia e da teologia, até o dia em que, diante do que chegava aqui dos católicos franceses, e diante do começo da loucura geral, resolvi debruçar-me sobre a história recente da Igreja. Agradecendo a Deus a sobrevida saudável e robusta que me concedeu, estudei nesses últimos anos mais do que em toda a minha vida passada, e descobri, espantado, apavorado, irritado, que em muita coisa tinha sido enganado, tinha sido empulhado, ou tinha sido arrastado pelos erros que vinte e dez anos atrás eram coroas de pedras preciosas.


ACHEI-ME na obrigação de trazer ao público não apenas a descoberta de tais empulhamentos, mas também a descoberta das linhas-de-história que revelam a torrente negadora de Deus, a Revolução, que vem de longe, e que em nosso bravo século se alargaram assustadoramente.


MAS por que "Século do Nada"? Porque a ideia consciente ou inconsciente que dá continuidade à Revolução é a da reviravolta geral, a da destruição geral (que os anarquistas não disfarçam) e a da volta à estaca-zero. Por esse retorno já merecem os nomes que a si mesmas deram os revolucionários do princípio do século: niilistas.


MAS é também no seu ideal de porvir que a Revolução se abre para o vácuo. Todas as correntes e afluentes seguem mais a lei da matéria do que a lei do espírito. Ora a lei número um da matéria é a do desmoronamento, a da degradação de todas as formas, é da entropia crescente — é, em suma, a da evolução para o Nada. Com Teilhard de Chardin ou sem ele, o ponto ômega do revolucionarismo é o Nada.


NO CAMINHO dessa Parusia do cinzento absoluto e morno, o homem vai perdendo suas excrescências. suas dimensões espirituais e vai mergulhando num igualitarismo uniforme e infra-humano.


NA CONCLUSÃO do livro, que pode ser lida à guisa de introdução, vê-se qual é o plano das potestades que comandam a Revolução. Querem criar o 3° Adão, que realize, no último ato da Divina Comédia, "o pecado terminal", que será unânime — na insensata presunção desses fatores —, já que o 3° Adão é a Humanidade integrada e massificada. O autor esforçou-se por tornar amena a leitura de tão graves problemas, reservando para ulteriores publicações os aprofundamentos que cada um dos marcos históricos reclama. Caso não logre tal intento, o autor espera que outros o completem e o corrijam.


* * *


CONVIDO TODOS OS LEITORES E AMIGOS PARA UM ENCONTRO AS 8H30M DO DIA 4 DE ABRIL, QUARTA – FEIRA, NA LIVRARIA RUBAYAT, A RUA VISCONDE DE PIRAJÁ, 547, ONDE TEREI O PRAZER DE AUTOGRAFAR O NOVO LIVRO, QUE DEDIQUEI AOS COMPANHEIROS DO BOM COMBATE.


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