O ESTRUTURALISMO FRANCÊS E A SUBVERSÃO DO INDIVIDUO ATRAVÉS DA OBSESSÃO MUSICAL, PSICOLÓGICA E TOXICOLÓGICA
d. CURZIO NITOGLIA
[Tradução: Gederson Falcometa]
O estruturalismo é “o certificado de morte da alma”(Michel Focault).
“Existe muita lógica nesta loucura” (Hamlet, W.Shakespeare).
Proêmio
O marxismo em crise depois da falência da revolução stalinista, que não conseguiu exportar o comunismo para o mundo inteiro, buscou (dos anos Trinta ao Sessenta e oito) uma outra via, para levar a revolução na parte do mundo, ainda não marxizada e conseguiu. Esta nova via consiste em substituir o proletariado e a luta de classes com a corrupção intelectual e ética do individuo, e mesmo com a destruição da realidade levada adiante pela classe estudantil, embriagada de doutrinas irracionais, ilógicas e niilistas, as quais conduzem ao suicídio do individuo, a destituição da moral natural e a tentativa de “matar” o próprio Ser subsistente através do enti-cídio ou a destruição do ser participado, finito e criatural.
Já falamos difusamente da Escola de Frankfurt e apenas en passant do Estruturalismo francês. Agora nos propomos a tratar mais detalhadamente desta segunda escola de pensamento, estudando a vida e as obras dos seus maiores representantes e a doutrina que nasceu de suas mente doentes para contagiar a juventude estudantil, arruinar o individuo, a família e subverter a Sociedade e a Igreja com a tática da mão estendida ou do diálogo entre o comunismo de face humana e o cristianismo (Garaudy, Bloch e Rodano).
Música e revolução
O estruturalismo (J. Lacan), como na Escola de Frankfurt (T. W. Adorno), estudou também a música como elemento destrutivo e dissolvente da harmônia e do equilíbrio humano (sensibilidade submetida ao intelecto e a vontade). Aristóteles escreve que “mentes perversas levam a estilos musicais retorcidos” (Política, VI). O estruturalismo e especialmente Adorno o entenderam muito bem e revogaram a verdade aristotélica: “a música retorcida perverte a mente e a alma do homem”. Por isso se tem trabalhado para destruir e subverter a Sociedade Civil, a família e o individuo desde a profundidade da sua alma através de uma música selvagem. Infelizmente com a “Reforma litúrgica” de Paulo VI em 1970 esta dissonância musical (e não apenas ela) entrou também nas igrejas e perverteu a mente e a Fé dos cristãos. Os estruturalistas e Adorno partem de Richard Wagner e Schönberg, com o qual inicial o predomínio das variações, dissonâncias, sobreposição dos temas, para chegar a música leve ou pop moderna, que é a radicalização da desarmonia para desequilibrar e deseducar através da audição a mente das novas jovens gerações [1]. Os autores estudados são Richard Wagner (+1883), Arnol Schönberg (+1951) e Elvis Presley (+1977), do qual nasceu a revolução musical que nos anos Sessenta arruinou milhões de jovens, junto a droga e ao álcool.
Richard Wagner [2] inicia o romantismo musical, “sem sombra de resíduos clássicos” [3]. Ele se distancia sempre mais deliberadamente do gênero tradicional da ópera histórica para chegar a uma fase autoral da história a “qual corresponde a indeterminação da sua música” [4]. A realidade da música que era assim clara em Mozart, Bach e Beethoven, é sacrificada definitivamente por Wagner pelo ideal da música como linguagem sonora. Ele “desossa a música clássica da harmônia e da arquitetura, […] não existe nunca som puro tudo é amalgamado […] em uma mistura de sons” [5]. Além disso a sua ultima ópera o Parsifal (1882) “resume os tons do misticismo sexual wagneriano” [6]. Sobre a linha do cromatismo wagneriano de Tristão, “que já comprometia as relações fundamentais da harmônia clássica, prosseguiram alguns compositores da Áustria e da Europa central, para a atonalidade […] sem mais hierarquia tônica” [7]. Luisa Cervelli, docente de história da música em La Sapienza, escreve: «No Parsifal […] mais que o herói cristão, brilha o espírito pagão-germânico que […] parece quase representar o triunfo do mito pagão germânico sobre a tradição latina e sobre o espírito católico do cristianismo» (voce Wagner Richard, in “Enciclopedia Cattolica”, Città del Vaticano, 1954, vol. XII, col. 1643). Wagner foi um inovador na música clássica e abriu as portas a música moderna e desarmônica; de fato ele “condena toda música excluída a nona de Beethoven» [8].
Wagner entende revolucionar e mudar o mundo e o homem através da “música nova”, que é o poema sinfônico e o drama musical, contrapostos a música clássica do passado ou “música pura” (a sinfonia e o concerto). O drama musical de Wagner se revelou como o gênero mais inovativo e revolucionário do Século XIX alemão [9]. Das obras musicais estreitamente instrumentais (sinfonias, concertos) se passa com Wagner as obras musicais nas quais um sistema literário, filosófico e histórico-politico influem sobre a música instrumental (drama musical), assim que a música tira sua origem de uma fonte extra-musical: um poema ou narrativa histórica [10]. Também a própria música com Wagner (+1883) começa a sofrer um mutamento substancial, que encontrará o cumprimento com Schönberg (+1951): “não mais melodia regular e simétrica, mas ao invés temas que se contrapõem, se transformam, se dividem, se sobrepõem. […]. É subvertida a relação tradicional hierárquica entre melodia e harmônia” [11].
Depois de Wagner o estruturalismo estudou Arnold Schönberg (Vienna 1874-Los Angeles 1951) [12], no qual “encontra a sua expressão mais completa a escola atônica, o cromatismo tristaniano, carregado de mórbida emotividade” [13]. O Autor “volta as costas a harmônia tradicional, implementando o comunismo ou a absoluta paridade entre os doze sons. […]. A liberalização total da dissonância não dá lugar ainda a outros princípios compostos que substituem aqueles, agora destruídos, da harmônia tradicional. É o momento da absoluta liberdade e da subversão total” [14]. A sua música é composta substancialmente de dois elementos principais: “dissonância e sexualidade, feiura sonora e frenesi dionisíaco” [15]. Ele destrói a música clássica e dá início a dissonância afro-americana.
Em 1948 Theodor Wiesegrund Adorno escreve a obra intitulada Filosofia da nova música, na qual compara um ensaio sobre Schönberg e o progresso. Adorno apontou em Schönberg o modelo insuperável da modernidade, o assassino da tradição [16]. A escola neo-alemã de Schönberg se refere a Wagner e se contrapõe a música clássica vienense até Brahms. A nova escola é fundada “sobre o urro, sobre gesto violento, sobre deformações da realidade, sobre representações da angústia e do delírio. […] Essa é a epifania do negativo e, sobretudo a repulsa de toda reconciliação entre o homem e o mundo. […] é na expressividade acesa, distorcida, violenta dos seus primeiros dramas teatrais, […] a total emancipação da dissonância […] e a necessidade de exprimir com meios musicais de todo novos e inauditos a tensão utópica,revolucionária do nascente expressionismo teatral” [17]. Schönberg se serve da dodecafonia, segundo a qual os doze sons da escala cromática são todos perfeitamenteequivalentes onde é abolido o fundamental princípio hierárquico sobre o qual se baseia o sistema tônico, assim ele consegue representar “a angústia, a alucinação e o sonho a olhos abertos” [18].
De tanta dissonância, passo ao rock de Elvis Presley (+ 1977) caracterizado pela “exaltação do sexo, […] pelo rock, pela droga e pelo rock satânico, até ao rock da violência e do crime” [19] foi breve. De 1956 a 1960, Elvis “deliberadamente provocou a revolta massiva de milhões de jovens no mundo inteiro contra toda forma de sujeição e de autoridade. […]” [20]. A sua ultima exibição acontece em 16 de junho de 1977 e em 16 de agosto de 1977 é encontrado morto por over dose [21]. Como se vê, a revolução foi feita também e talvez, sobretudo mediante a música. De fato, como uma marcha militar acende a irascibilidade e a reforça, como a música clássica, polifônica e gregoriana relaxam, acalmam e unem a Deus as almas dos ouvintes, assim a música desarmônica e obsessiva-compulsiva desencadeia os piores instintos animalescos no homem e o leva ao delírio, a droga, a degeneração moral e mesmo ao suicídio ou ao satanismo (v. Presley).
A doutrina estruturalista como levante do marxismo em chave niilista, psicoanalítica e selvagem
estruturalismo francês é a doutrina anti-filosófica, segundo a qual, se deve (não apenas se pode, mas é absolutamente necessário) estudar as relações (ou “estruturas” que é a relação de uma coisa com a outra) entre os vários termos, sem conhecer os próprios termos.
O fundandor do estruturalismo Claude Lévy-Strauss escreve: «o estruturalismo leva os fatos sociais da experiência e o transporta para o laboratório. Neste lugar lhe representa sob forma de modelos, tomando em consideração não os termos, mas as relações entre os termos»[22]. Como se pode falar da relação de uma coisa com a outra sem conhecer as coisas que estão em relação recíproca? É como querer falar da relação de paternidade ou filiação, que intercorre entre pai e filho e viceversa, sem conhecer e tomar em consideração o pai e o filho. S. Tommaso D’Aquino (S. Th., I, q. 13, a. 7) explica que os termos da relação ou “relação de uma coisa com outra” são quatro: 1º)o sujeito, que é o ente ao qual a relação se refere (por ex. paternidade-pai); 2º) o termocom o qual o sujeito é colocado em relação (filho); 3º) o fundamento da relação entre sujeito e termo (geração ativa); 4º) a relação ou vínculo que liga o sujeito ao termo (parentela ou paternidade). A relação (paternidade) tem um ser acidental próprio que é o inerir ou “esse in” a substância (pai). Ora o acidente não é o ente, mas é do ente; o seu ser é de inerir sobre uma substância, isso é precário e insubsistente em si, que é incapaz de existir em si e por si e então deve sobrevir ou aceder (accedit, de accidere) a uma substância, a qual existe em si e por si e atua no sujeito (substat) como acidente. Se falta o substrato, falta o acidente. Por exemplo, ser médico acessa e aperfeiçoa a substância do homem. Se não existe o homem, não existirá nem mesmo o médico, o musicista… (S. Th., II-II, q. 23, a. 3). Então, se não existe um pai, não existe um filho e não subsiste a relação de paternidade; se não existe um filho, não existe um pai e não subsiste a relação ou “estrutura” de filiação. Assim, é impossível estudar a paternidade se não existe o pai. O estruturalismo, portanto, é uma relação que não tem fundamento na realidade: a partir da experiência chega a elaborações de laboratório, que separa a relação dos termos relativos, que é o acidente da substância. Ora a definição de acidente é “aquilo que é inerente a uma substância. Deste modo, o acidente sem a substância é um puro ente lógico ou de razão sem fundamento na realidade. Onde a primeira característica do estruturalismo é uma metodologia niilista que estuda “estruturas” fundadas sobre o nada. Isso busca construir ou melhor “criar ex nihilo” – como faz a mente do louco alucinado – esquemas de relações, sobretudo em campo antropológico e sociológico com Lévy-Strauss, (que relança o marxismo clássico segundo o qual a economoa é a estrutura sobre a qual se baseiam as superestruturas) e no campo psicológico com Jacques Lacan (elaborando esquemas de relações obscuras do incosciente, ao lado do freudismo e ultrapassando-o no elogio da multidão).
O método do estruturalismo se funda sobre a teoria do conhecimento segundo o qual, a razão humana pode conhecer apenas as relações (ou “estruturas”) e não as substâncias ou essências das coisas, que, se existem, são inconhecíveis. Nada de novo! É apenas a extensão do subjetivismo moderno, especialmente kantiano, segundo o qual, não conheço a coisa em si (noumeno), mas como me parece (fenômeno), no campo da sociologia materialista (Marx) e da psicanálise do subconsciente ou do inconsciente (Freud). O estruturalismo ultrapassa, todavia, a modernidade kantiniana-hegeliana e se coloca em plena pós-modernidade niilista enquanto nega não apenas a possibilidade de conhecer a realidade objetiva (Kant) ou a sua existência (Hegel), os fenômenos (sensismo ou empirismo inglês), os fatos ou experiências individuais (positivismo), mas também o conhecimento e a existência de um Sujeito, um Eu ou Espírito absoluto, porque não conhecemos termos ou sujeitos, mas apenas as suas relações, o que é absurdo porque sem sujeito ou termo não existe a relação. Portanto o estruturalismo como método e como gnoseologia é essencialmente niilista e pós-moderno. A “contra-filosofia” estruturalista foi bem definida por seu fundador Claude Lévy-Strauss comoPensamento selvagem [23]. Na verdade – segundo ele – a lógica, a própria razão do homem, é uma mistificação, uma invenção fundada sobre a filosofia realista e a metafisica do ser, segundo as quais existe uma realidade objetiva, um sujeito conhecedor e os termos, enquanto para o estruturalimso existe apenas as estruturas ou relações, que se manifestam psicanaliticamente (Freud) na subconsciência humana ou sociologicamente (marx) nas relações dos povos selvagens, que não foram desviados pelo pensamento lógico e pela metafisica clássica (o marxismo da luta de classes do proletariado é transposto ao irracional e ao delírio, que destroem melhor a cultura européia do que havia feito a luta e o ódio de classe). A tarefa do estruturalismo é aquela de cancelar também na Europa, a lembrança da lógica e da metafísica, para tornar o “velho-Continente” semelhante aos selvagens aborígenes das tribos primitivas. Então, Lévy-Strauss propõe uma contra-evangelização, que torna selvagem também a Europa, a qual antes evangelizava e civilizava os selvagens, enquanto agora esta por ser tribalizada e embarbarizada pela invasão de massa dos novos selvagens, que veem de além Oceano para asselvajar a velha Europa. A música que hoje se tornou rumor é uma aplicação do estruturalismo no campo da melodia e da harmônia, as quais foram voluntariamente canceladas para ceder o lugar a dissonância e ao ruído frenético.
A conclusão teórica que chega o estruturalismo é o niilismo metafísico, a qual consequência prática é o niilismo moral. Na verdade, se para a filosofia moderna mais estimulada, a saber o hegelianismo, existe um Espírito ou o absoluto, o estruturalismo decreta a morte de toda realidade não apenas objetiva, mas também do sujeito ou absoluto. Não existe objeto, nem sujeito, matéria ou espírito, existem apenas estruturas ou relações baseada sobre o nada. Ora, ex nihilo nihil fit. Assim, a própria estrutura é impossível. Se o estruturalismo decreta teóricamente a morte do real objetivo e subjetivo, do homem, do conhecimento, praticamente lhe segue a morte ou o tombamento da moral substituídas pela psicanálise do inconsciente, que torna licito todas as ações mais imorais e perversas, enquanto estruturas ou relações do subcônscio mais obscuro, ao qual deve ser deixada toda liberdade [24].
Segundo Lacan e Focault não é correto dizer “Eu penso”, mas é necessário dizer “se pensa” para colocar em relevo a estrutura ou a relação sem sujeito ou termos, que pensa (vázio). Na verdade, Lévy-Strauss ainda diz que “o homem não tem nenhum sentido” [25]. Então, praticamente ou “eticamente”, convém se deixar ir para o incônscio, o inconsciente, a loucura, a droga e a alucinação. A matéria de Marx, o Eu de Hegel são substítuidos pelo nada do estruturalismo, que teve um grande papel na Revolução estudantil de 1968, junto a escola de Frankfurt. Embora tenham dado o golpe de misericórdia nos ultimos vestígios da civilização greco-romana e cristã. Estas doutrinas delirantes, selvagens, irracionais e ilógicas tem levado a reformas médico-psiquiátricas segundo as quais os loucos, sendo selvagens ilógicos e não corrompidos pela metafísica clássica, deviam ser considerados normais (Lacan, Basaglia [26] e Foucault [27]). Lacan teorizou, Basaglia colocou em prática a doutrina segundo a qual o incônscio prevalece sobre o cônscio (neo-psicanálise freudiana-estruturalista) e então, teceu o elogio da loucura. Este é o êxito do pensamento filosófico moderno e pós-moderno: o nada, a loucura, a droga, o tribalismo cavernoso. Além da modernidade, há o niilismo e o precipitar no abismo do nada onde tudo afunda.
Este modo de devanear “venceu” a batalha presente. O mundo, a escola, a família, até mesmo os homens da Igreja (com o Concílio Vaticano II) respiraram a plenos pulmões esta nuvem tóxica chamada modernidade, pós-modernidade e estruturalismo. Humanamente falando a luta é ímpar. Na verdade, o individuo foi corrompido desde a profundidade da alma, passando através dos sentidos (música, droga e apatia). Então, apenas Deus poderá nos tirar fora do poço do abismo no qual fomos precipitados.
Os maiores representantes do Estruturalismo
CLAUDE LÉVY-STRAUSS
Ele nasceu em Bruxelas em 1908 de progenitores franceses, passou a infância e a juventude em Paris. Formou-se em filosofia na Sorbone. Em 1935 ensinou sociologia na Universidade de São Paulo Brasil. Desde aquele momento, se entregou a antropologia. Em 1941 se transferiu para Nova Iorque; depois em 1947 voltou a França, a Paris onde iniciou a sua produção “científica” estruturalista. O seu pensamento estruturalista antropológico é caracterizado por “uma verdadeira e própria opção anti-filosófica”[28]. Levy-Strauss se distancia radicalmente do idealismo e se transfere para “uma etnologia em sintonia com marxismo e psicanálise. […] Freud lhe revela como próprio os comportamentos em aparência mais afetivos, as manifestações pré-lógicas, são exatamente as mais significantes [29]”. Marx ao invés o convida a construir uma antropologia social e anti-filosófca onde predomina o elemento de mudança econômica, que unido ao incônscio freudiano produz o estruturalismo francês. No seu livro livro Les structures élémaintaires de la parenté (Parigi, PUF, 1949; tr. it., Milano, Feltrinelli, 1969) Lévy-Strauss fala positivamente do incesto e coloca em dúvida as considerações feitas sobre esse pela precedente investigação cientifica-filosófica. Um outro elemento da sua doutrina estruturalista é o “esvaziamento radical do próprio sujeito humano, em nome das estruturas ou relações que a qualificam, pela qual, quando se fala do homem, se fala de forma ou estruturas e não de substância” [30]. Segundo ele Michel Focault tem razão quando escreve que “o homem é uma invenção” (Les mots et les choses, Parigi, Gallimard, 1966, tr. it., Milano, Rizzoli, 1967, p. 414). Em 1962 com a sua “obra-prima” La pensée sauvage (Parigi, Plon) ele “contrapõe a mentalidade primitiva e selvagem àquela “civilizada” a partir da ideia da superioridade afetiva, de estampa emotiva e irracional” [31]. O seu influxo si nota ainda hoje especialmente sobre os filhos do Sessenta e oito nos quais o elemento racional e voluntário-livre cedeu o lugar a emotividade sentimentalista e irracional.
MICHEL FOCAULT
Nasceu em Poitiers em 1926. Desde os anos Cinquenta se impôs como ensaista radicalmente critico da filosofia clássica. No Sessenta e oito se tornou um dos “gurus” do movimento estudantil. Nos anos sessenta o seu pensamento influenciou a cultura americana. Desenvolveu uma análise estruturalista sobre a loucura, a psiquiatria e seus temas sociais, unindo Freud e Marx. A sua “obra-prima” é uma antologia dos seus diversos ensaios traduzidos e publicados em italiano: Microfisica del potere, Torino, Einaudi, 1977. Morreu em 1984. Ele retomou os temas antropológicos estudados por Lévy-Strauss e aqueles psicanalíticos estudados por Lacan. Desenvolveu in savoir, Paris, Gallimard, 1976, tr. it., Milão, Feltrinelli, 1978; L’usage du plaisir,Parigi, Gallimard, 1984, tr. it., Milão Feltrinelli, 1984; Le souci de soi, Parigi, Gallimard, 1984, tr. it., Milão, Feltrinelli, 1985). A sua teoria é a destruição ou ausência total até do sujeito humano: “não existe sequer um homem para salvar, já que ele não tem sobre seus lábios nem mesmo uma palavra a pronunciar [32]. Nada daquilo que fez a cultura européia tem direito a impressão. […] Aquilo que vive no espírito de Focault é o certificado da morte da alma” [33].
JACQUES LACAN
Nasceu em Paris em 1901. Especializou-se em psiquiatria em 1932. Em 1966 recolheu o “melhor” dos 30 anos da sua investigação psiquiátrico-estruturalista em um livro intitulado Ecrits(Parigi, Ed., du Seuil). Morreu em 1981 [34]. Entre os seus estudos são significativos aqueles sobre La signification du fallus (1958), o que evidência como o órgão com o qual raciocinam os estruturalistas, não é o cérebro, mas um outro muito menos nobre e “inferior”. Um outro livro seu interessante é Kant avec Sade (1963). Ele foi influenciado pelo neo-marxismo de Louis Althusser, seu amigo paciente, que depois de ter estrangulado a mulher suicidou-se em 1990. O coração do seu pensamento é o uso da psicanálise em função anti-filosófica, que adversa seja Sócrates, Platão e Aristóteles seja Hegel, porque nega, seja o objeto real da filosofia grega, seja o sujeito absoluto da filosofia moderna idealista, para salvar apenas as relações ou “estruturas” sem os relativos termos. Ele, com a corrente estruturalista francesa, é critico até mesmo para a Escola de Frankfurt e especialmente para Marcuse, “que também elaborou uma contribuição substancial naquilo que concerne a relação entre Eros e civilizão industrial, mas não conseguiu – segundo Lacan – dar uma correta teoria psicanilitica” [35]. Segundo Lacan o verdadeiro retorno a Freud significa retornar a Descartes e um distanciar-se de Bergson [36]. Todavia o retorno a Descartes é limitado a sua dúvida metódica e ao primado do Cogito sobre o ser, enquanto todo o resto do seu sistema filosófico é rejeitado. Freud retirou toda certeza que Descartes havia deixado ao homem moderno, porque, se para Descartes onde penso naquele lugar me encontro, para Freud “eu sou onde não penso” (L’instance de la lettre dans l’inconscient ou la raison depuis Freud, 1957, p. 517), então o “não-pensamento” é o centro da psicanálise estruturalista lacaniana, enquanto o incônscio esta lá onde falta o pensamento. Ele insiste muito sobre a relação positicavemente narcisista entre sujeito-objeto que é superado (o “moi” ou “eu” con o “e” minuscúlo) pela relação sujeito e sujeito (o “Je” ou “Eu” com o “E” maiuscúlo). Lacan insiste muito sobre o fato de que foi Freud a ter visto na linguagem a estrutura por excelência.
Conclusão
Em certo sentido, o escopo subversivo e dissoluto do estruturalismo francês supera até mesmo aquele da escola de Frankfurt. Na verdade, se eles tem em comum o conúbio entre psicanálise e marxismo, o estruturalismo chega ao paroxismo do “não-pensamento” ou do incônscio superior a consciência, ao elogio do ilógico e até mesmo da loucura em sentido estreito do termo e então decreta a “morte do homem e da alma”. O homem, de fato é uma invenção, não é uma substância, mas uma relação e “não tem nenhum sentido”. Partindo-se do princípio estruturalista de que não existem termos ou sujeitos, mas apenas relações arcadas no ar, estas conclusões aberrantes são em tudo consequentes e coerentes. “Existe muita lógica nesta loucura” diria Hamlet de Shakespeare, e ex contrario “existe muita lógica nesta ilogicidade” podemos dizer nós. O narcisismo do Eu que se espelha no Eu explica a ilogicidade, a loucura e as torpezas práticas teorizadas e admitidas pelo estruturalismo. É um mundo induzido cientificamente ao enlouquecimento.
O remédio depois do diagnóstico é o retorno ao real, a lógica, a metafísica do ser, a espiritualidade cristã, que nos ensina a sermos donos dos nossos instintos e a encaminhar-lhes a Deus (sublimação), depois de tê-los submetido (mortificação) ao intelecto e a vontade. Não precisa negligenciar a música, que tanto papel teve no dissolvimento do homem contemporâneo e pós-moderno. De fato, é difícil levar o homem diretamente a droga se antes não se destrói a sua capacidade racional e a sua livre vontade, mediante teorias abstrusas e vazias (relações sem sujeitos). Mas, antes ainda de perverter o intelecto humano, é preciso perverter a sua sensibilidade (“nihil in intellectu quod prius non fuerit in sensu”). Ora, um dos sentidos mais desenvolvidos é o ouvido, que pode ser educado ou deseducado pela música harmônica ou desarmônica. Através da desarmonia o estruturalismo levou a desordem, ao frenesi e a loucura no intelecto humano. Já Dante tinha dito: “Não fostes feitos para viver como brutos, mas para seguir a virtude e o conhecimento” (Inferno, XXVII, 119); “Sejam homens e não ovelhas loucas, de modo que o judeu de vós entre vós não zombe” (Paraiso, V, 80). Se pensarmos que a maior parte dos filósos de Frankfurt e do estruturalismo francês são israelenses e que fizeram o homem contemporâneo similar ao bruto, sem virtude nem racíocinio, se entende até mesmo porque “o judeu de nós entre nós zomba”. Mas ri melhor quem por ultimo. Busquemos nos tornar aquilo que somos: homens criados a imagem (intelecto e vontade) e semelhança (graça santificante) de Deus e não aquilo que o inimigo do gênero humano quer que sejamos: “ovelhas loucas”. Certamente não é o estruturalismo, ném a modernidade que nos ajudam a alcançar o nosso fim, mas – na ordem natural – a metafísica do ser e – na ordem sobrenatural – a espiritualidade católica.
d. CURZIO NITOGLIA
8 de junho de 2011
Notas
[1]Cfr. U. Eco, La struttura assente, Milano, Bompiani, 1968; J. M. Auzias, tr. it., La chiave dello strutturalismo, Milano, Mursia, 1969; J. Piaget, tr. it., Lo strutturalismo, Milano, Il Saggiatore, 1968; S. Moravia, Lo strutturalismo francese, Firenze, Sansoni, 1975.
[2] Cfr. “Enciclopedia della musica”, Milano, Garzanti, III ed., 2010, pp. 965-999.
[3] M. Mila, Breve storia della musica, Torino, Einaudi, 1963, p. 243.
[4] M. Mila, cit., p. 244.
[5] M. Mila, cit., p. 245.
[6] M. Mila, cit., p. 250.
[7] M. Mila, cit., p. 365.
[8] S. Bettini, “Enciclopedia Filosofica”, Gallarate, 1982, vol. VIII, p. 831.
[9] G. Barbieri, La grande storia della musica classica, vol. XI, Richard Wagner, Roma, Gruppo Editoriale L’Espresso, 2005, pp. 6-7.
[10] G. Barbieri, cit., p. 8.
[11] G. Barbieri, cit, pp. 10-11.
[12] Cfr. “Enciclopedia della musica”, Milano, Garzanti, III ed., 2010, pp. 797-799; cfr. “Enciclopedia della musica”, Milano, Garzanti, III ed., 2010, pp. 797-799.
[13] M. Mila, cit., p. 390.
[14] M. Mila, cit., ivi.
[15] E. M. Jones, Il ritorno di Dioniso. Musica e rivoluzione culturale, Viterbo, Effedieffe, 2009, p. 92.
[16] G. Barbieri, La grande storia della musica classica, vol. XVII, Arnold Schönberg,Roma, Editoriale dell’Espresso, 2006, p. 5.
[17] G. Barbieri, La grande storia della musica classica, vol. XVII, Arnold Schönberg, cit., pp. 8-9.
[18] G. Barbieri, cit., pp. 10-11.
[19] C. Balducci, Adoratori del diavolo e rock satanico, Casale Monferrato, Piemme, 1991, p. 151.
[20] C. Balducci, cit., p. 154.
[21] Cfr. Th. W. Adorno, tr. it., Introduzione alla sociologia della musica, Torino, Einaudi, 1971. Come si vede, anche la Scuola di Francoforte ha studiato e favorito la rivoluzione musicale sino a quella satanistica. Lo strutturalismo francese non è stato da meno con Jacques Lacan.
[22] C. Lévvy-Strauss, Nouvel Observateur, 25 gennaio 1967.
[23] Cfr. C. Lévy-Strauss, La pensée sauvage, Parigi, Plon, 1962; tr. it., Il pensiero selvaggio,Milano, Il Saggiatore, 1964.
[24] Cfr. Michel Focault, Les mot set les choses, Parigi, Gallimard, 1965.
[25] Cfr. La France Catholique, 16 ottobre 1964.
[26] Cfr. F. Basaglia, La maggioranza deviante, Torino, Einaudi, 1970.
[27] Cfr. M. Focault, Sorvegliare e punire, tr. it., Torino, Einaudi, 1976.
[28] Cfr. Italo Boni (a cura di), Claude Lévy-Strauss, in “Novecento filosofico e scientifico”,diretto da Antimo Negri, Milano, Marzorati, 1991, III vol., p. 178.
[29] Ibidem, p. 180.
[30] Ib., p. 183.
[31] Ib., p. 184.
[32] Não se entende, então, porque ele a pronúncia: por coerência deveria calar como todo outro homem.
[33] Cfr. I. Bertoni, (a cura di) Michel Focault, op. cit., pp. 207-208.
[34] Cfr. P. Caruso (a cura di), Conversazioni con Lévy-Strauss, Focault e Lacan, Milano, Mursia, 1969; G. Contri, Nozioni fondamentali nella teoria della struttura in Lacan,Torino, Boringhieri, 1972; M. Francioni, Psicanalisi linguistica ed epistemologia in Jacques Lacan,Torino, Boringhieri, 1978; C. Clément, tr. it., Vita e leggenda di Jacques Lacan, Bari, Laterza, 1982.
[35] Cfr. Giovanni Invitto, Jacques Lacan, in “Novecento filosofico e scientifico”, cit., p. 220.
[36] Ivi.