I – O FIM DO HOMEM
Os Prazeres do Mundo
1.1 – Os Prazeres do Mundo não satisfazem o homem
Salomão – Salomão experimentou todos os prazeres da vida. Ninguém mais do que ele foi bem servido, glorioso, afamado na terra; ninguém experimentou mais distrações de caças e músicas; mais prazeres da mesa e outros deleites. Ele mesmo o disse: “Todos os prazeres que pretendi, eu os provei (Ecl 2,10). Mas viu-se contente? Não! Por isso depois teve de exclamar: “Em tudo isso não encontrei senão vaidade e aflição da alma (Ibid., 11).
Alexandre Magno após conquistar o mundo inteiro, não era feliz, e chorava porque não havia outro mundo para conquistar. Também se fazia chamar “filho de Júpiter” por causa do seu poderio; mas quando foi ferido gravemente por uma flecha, disse: “Sou também um homem miserável, e mais infeliz do que os outros”. Logo se engana quem crê achar contentamento da roupa, nas honras e nos prazeres. E mesmo que haja um pouco de felicidade, esta dura bem pouco.
1.2 – Os Prazeres do Mundo duram pouco
O rico epulão julgou-se vindo ao mundo para gozar e patuscar todo dia. Mas depois morreu subitamente e foi sepultado no inferno, onde está há séculos entre as chamas e onde estará para a eternidade a pagar caro os seus tripúdios (Lc 16, 19-22).
Aquele ricaço de que fala o Evangelho, tinha depósitos cheios de roupa e dizia a si mesmo: “Fica alegre: agora não te falta mais nada!”. E daí? Enquanto fazia tão boas contas para o futuro, ouviu a voz do Senhor que lhe disse: “Estulto, morrerás esta noite!” (Lc 12, 20). De fato morreu subitamente e aqui deixou tudo.
Logo, se os bens do mundo não contentam ninguém, e se duram tão pouco, é sinal de que Deus não nos criou para esta terra, mas para Ele. Bem o reconhece S. Agostinho, que diz claramente: “Ó Senhor, fizeste-nos para Vós, e o nosso coração é inquieto enquanto não repousa em Vós”.
Teremos felicidade quando alcançarmos o nosso fim último, que é Deus.
1.3 – Somos peregrinos na Terra
Quando um peregrino viaja para a pátria, que faz? Procura adivinhar o caminho e vai por ele, sem recuar ou sair fora dele. Também nós vamos para a pátria que é o Céu: neste mundo estaremos pouco. Mas para chegar ao Céu, é mister andar pelo caminho certo: isto é, é mister conhecer, amar e servir o Senhor. Está dito no Evangelho: “Adorarás o Senhor teu Deus, e só a Ele servirás (Mt 4,10). Ora, qual é o estado e qual é o vosso empenho para conhecer, amar e servir a Deus?
a) Conhecer a Deus: este é o primeiro dever. E vós? Não aplicastes às vezes vossa inteligência para conhecer coisas frívolas, vãs ou mesmo pecaminosas? Então não vos pusestes no caminho certo.
b) Amar a Deus: outro dever. Entretanto não amastes mais as criaturas do que a Ele?… Pusestes o coração só nas coisas da terra?… Nos jogos? Nos prazeres? Nos pecados?… Errastes o caminho!
c) Servir a Deus: outro estrito dever. E se ao contrário transgredistes os Seus Mandamentos? Dizei: para que serviram os vossos olhos? Talvez para olhar o que não é lícito. E os ouvidos? Talvez para ouvir conversas más. A língua? Para dizer palavras feias, blasfêmias, injúrias… As mãos? Para realizar obras más, para bater, para tirar o bem alheio. E as forças da alma? Para contentar a vaidade, a soberba… Se assim fosse, que belo serviço prestastes a Deus! Neste mundo ter-vos-íeis afastado dEle, postos num caminho que não leva ao Céu, mas à eterna perdição.
Consegue-se o fim quando se salva a alma. E salvar a alma não é absolutamente coisa de pouca importância.
(Extraído do livro A Palavra de Deus em Exemplos, G. Montarino)