PECADO MORTAL – Danos Temporais
- triregnum
- 31 de dez. de 2020
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III – PECADO MORTAL
Efeitos
Danos Temporais
2 – Danos Temporais
2.1 – A perda da paz
O Senhor disse: Não há paz para os ímpios: Non est pax impiis, dicit Dominus (Is 48,22). Acreditais que os que estão alegres no pecado mortal tenham a paz? Não, não: sua alegria é falsa; fazem assim para abafar o remorso; mas seu coração é como o mar em borrasca, que não pode estar calmo: Impii quase nare fervens, quod quiescere non potest (Is 57,20). Devem ouvir aquela voz íntima que lhe diz: ris afinal, mas és inimigo de Deus, e estás à beira do inferno. Diz desses desgraçados o Espírito Santo: “Em seu caminho há aflição e calamidade, e não conheceram o caminho da paz (Sl 13,3).
Uma narração de Plutarco – O célebre historiador grego Plutarco (+ 120 d. C.) conta que certo Apolodoro cometera malvadezas, depois do que não encontrava mais paz. Toda noite, em sonho, parecia-lhe ser esfolado e metido dentro de uma caldeira fervente, e ouvia a voz terrível da consciência lhe dizer: “Eu sou quem assim te atormenta”.
Oh! Como se sente mal quando se é agitado pelos remorsos e pelo medo! Suponde que um de vós se ache num leito onde se estendesse uma serpente venenosa: estaria alegre? Suponde que outro de vós estivesse suspenso por um fino cordão sobre um horrendo precipício: estaria em paz? Nada de paz nem de alegria! Pois bem: em pior estado se acha quem vive em pecado mortal.
O remorso de Caim – Caim, depois de matar o seu irmão Abel, sentia um grande remorso pelo horrível pecado que havia cometido. O desgraçado andava errando pelas solidões: tremia à vista das feras, a qualquer movimento de folhagens. Parecia-lhe que todo o rio o quisesse engolir, que todo o vale o quisesse sepultar: odiava a luz, temia as trevas… E fugia, fugia sempre como se alguém o seguisse; e dizia com o coração palpitante: “Quem me encontrar, dar-me-á a morte. Esta é a calma, esta é a paz de quem vive no pecado!
2.2 – Os castigos de Deus
Mas credes que o Senhor deixe sem castigo os pecadores? Ele disse: “Muitos são os flagelos do pecador: Multa flagela peccatoris” (Sl 31,10). Deus sempre puniu e ainda pune o pecado.
Puniu-o já no Céu. Lúcifer, o mais belo anjo do Paraíso, cometeu com os seus sequazes um só pecado; e ei-lo precipitado daquele lugar de beatitude, como disse Jesus aos seus discípulos: “Eu vi Satanás cair do Céu como um relâmpago: Videbam Satanam sicut fulgur e coelho cadentem” (Lc 10,18).
Pune-o no Paraíso terrestre. Adão e Eva, que ali eram tão felizes, cometeram um pecado de desobediência; e imediatamente um Anjo com uma espada que lançava chamas expulsou-os daquele jardim de delícias (Gen 4,24). E por causa desse pecado vieram ao mundo tantas desgraças: a pobreza, a moléstia, as pestilências, as carestias, as inundações, os terremotos, as guerras… a morte!
Os homens no tempo de Noé – Eles cometiam vergonhosos pecados (que infelizmente se cometem mesmo em nossos dias por muitos jovens); e Deus que fez em sua ira? Mandou um dilúvio de água por 40 dias e 40 noites, para inundar toda a terra e afogar todos os homens, exceto Noé com sua família (Gên 7).
Os habitantes de Sodoma e Gomorra – Eram péssimos e pecadores descomedidos perante Deus, como diz a Sagrada Escritura (Gên 13,13); e Deus mandou um dilúvio de fogo, que queimou e incinerou aquela cidade com todos os habitantes (Gên 19, 24-25).
***
Eis os castigos do pecado. E tais castigos sobre os pecadores o Senhor os mandou em todos os tempos e os manda também agora. Quantas desventuras nas famílias, nas pessoas, nos povos!…
É a palavra de Deus, que “o pecado faz infelizes os povos: Miseros facit populus peccatum” (Prov 14,34).
E se vedes que uns cometem tantos pecados e no entanto não são castigados por Deus, ficai sabendo que o castigo virá para eles também, cedo ou tarde; e quanto mais tardar a vir, tanto mais tremendo será.
Conclusão
Agora resolvei, ó queridas crianças. Ouça cada qual a voz do Senhor que lhe fala assim: “Reconhece que afinal é feio e doloroso teres abandonado o teu Deus (Jer 2,19).
Vistes que danos espirituais e temporais acarreta o pecado: afastai-o, pois, do vosso meio, se aí o houver, exclama-vos S. Paulo: Auferte malum ex vobis ipsis (1 Cor 5,13). Fugi do pecado como se foge da serpente, diz-vos o Espírito Santo (Eclo 21,2); lembrando que aqueles que cometem o pecado e a iniquidade, são inimigos da própria alma (Tob 12,10).
Examinai bem agora, para conhecerdes todas as vossas culpas, para detestá-las com a mais viva dor e para confessá-las sinceramente. Dizei também como dizia o Rei Ezequias “Relembrarei diante de vós, ó Senhor, todos os meus anos de amargura de minha alma (Is 38,15).
Assim podereis obter do Bom Deus misericórdia e perdão.
(Extraído do livro A Palavra de Deus em Exemplos, G. Montarino)