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PECADO MORTAL – O Ultraje

II – PECADO MORTAL

Malícia

O Ultraje

1 – O pecado é ainda uma injúria à majestade infinita de Deus.

O rei São Luís e Joinville – Luís IX o Santo, rei de França (+ 1270), quando se achava num navio no mar com um personagem confidente seu que se chamava Joinville, perguntou-lhe se preferia ter sobre si a lepra (horrível moléstia) ou um pecado mortal. E Joinville retrucou logo:

_ A lepra?! Prefiro antes ter 30 pecados mortais a ter essa horrível doença!

E aí o rei todo magoado acrescentou:

_ Infeliz! Mas não sabeis que o pecado mortal é o mais grave ultraje que se possa fazer a Deus? Sabeis quem é Deus e quem somos nós? Deus é o ser perfeitíssimo, Majestade infinita, o Dono do universo… Diante dEle todos os reis da terra, todas as gerações do mundo são como uma gota d’água: Ecce gentes quase stilla situlae (Is 40, 15). E vós que sois menos que um verme ou um inseto, ousais ultrajar um Deus tão grande? Ah! Dizei antes: mil doenças e mil mortes, mas nem um só pecado!”

Assim falava aquele santo rei, que em toda a sua vida jamais cometeu pecados.

Eis o que faz o pecador: miserável verme que é, zanga-se com o Onipotente! Disse-o bem claro Jó: “Quem pecou ergueu a mão contra Deus e tentou abater, destruir o Onipotente” (Jó 15, 25).

2 – O confronto entre Deus e o demônio

O ultraje que o pecador faz a Deus torna-se pior se se pensa que ele faz uma horrível comparação entre Deus e o demônio. Sabeis a história de Barrabás e os judeus?

Barrabás e os judeus – Quando Jesus Cristo foi levado perante Pilatos, este disse aos judeus:

_ Há aqui um ladrão que se chama Barrabás, que deve ser condenado à morte. Ora, dizei-me: quereis salvo Barrabás ou Jesus Cristo?

E os judeus gritaram:

_ Morra Jesus Cristo e salve-se Barrabás!

***

Que impiedade monstruosa! Estais horrorizados?

Pois bem: faz o mesmo quem comete um pecado mortal. Diz com o fato: “A mim nada de Deus me importa: mais caro me é o demônio; que se vá pois Deus: eu prefiro antes satisfação horrível, a cólera, a vingança, a desobediência, o furto, o escândalo…”.

Vedes que comparação maldosa faz o pecador? É uma comparação pior do que a dos judeus que preferiram Barrabás a Jesus Cristo, pois não só uma vez prefere ele o demônio a Deus, mas muitas vezes.

3 – E sob os olhos de Deus se comete esse grande mal.

Os adoradores do sol – Houve uns povos bárbaros que, não conhecendo o verdadeiro Deus, adoravam o sol. Evitavam pecar de dia: mas de noite cometiam todas as iniquidades; e raciocinavam assim: De noite o sol não está e não nos vê; logo, podemos pecar.

Estavam iludidos, claro! Mas ao menos tinham um cuidado: não praticar o mal na presença do seu deus.

Nós, no entanto, estamos sempre sob os olhos de Deus, como “nEle vivemos, e nos movemos, e somos (At 17, 28); não acharemos um lugar onde nos esconder, porque Ele vê tudo, sabe tudo, penetra por toda a parte, e perscruta até os pensamentos: scrutans corda et renes Deus (Sl 7,9). E cometer pecados sob os olhos de Deus não é uma grande afronta? Um zombar dEle e de sua vingança?

Um rei na caça e o assassino – Um rei andava na caça, com o seu séquito de cavaleiros, numa floresta. De repente se levantou um grande temporal, e todos os do séquito corriam daqui e dali em busca de refúgio. O rei topou uma cabana onde pode refugiar-se, e lá viu escondido um homem de aspecto truculento, que metia medo. Conversando com ele, soube o rei que aquele homem era um assassino que o esperava naquele lugar para mata-lo, e cuidou bem de evitar que se desse a conhecer. Mas quando o temporal cessou e apareceram os cavaleiros armados, disse o rei ao assassino:

_ Eis aqui o rei que queres matar.

O celerado ficou petrificado com a confusão e o espanto, e pediu logo perdão por seu atentado ao rei.

***

Refleti agora: o assassino apenas manifestara ao rei, sem conhecê-lo, a sua má intenção; o pecador, no entanto, a segue, sabendo estar na presença de Deus que o ofende. Que sacrílega audácia!

(Extraído do livro A Palavra de Deus em Exemplos, G. Montarino)

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