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TRADIÇÃO



Por S. Exa. Revma. Dom Tomás de Aquino, O.S.B.

 

17 de fevereiro de 2024

 

 

 

É preciso ter uma doutrina muito segura para compreender e fazer compreender todo o verdadeiro significado da palavra Tradição, especialmente nesta crise que se abateu sobre a Igreja desde o Vaticano II.

 

O combate de Dom Lefebvre contra os erros do Vaticano II foi chamado de Tradição: "Tradidi quod et accepi”. Esse combate não é, estritamente falando, o combate de Dom Lefebvre, é claro. É o combate da Igreja. É, particularmente, a operação sobrevivência de 1988, sobrevivência de toda a Igreja.

 

Dom Lefebvre não queria ser chamado de chefe dos tradicionalistas. Ele simplesmente se autodenominava um bispo que resiste, o que levou Dom Gérard a acusá-lo de "resistencialismo". Resistir por Fidelidade (nome escolhido na França para designar a oposição ao acordismo de Dom Fellay). Podemos dizer a mesma coisa hoje. Há fiéis que resistem e que querem continuar o combate de Dom Lefebvre como ele o conduziu. Mas não é tão fácil ter a sabedoria de Dom Lefebvre. Que podemos fazer, a não ser implorar ao Deus dos Exércitos que tenha misericórdia de nós? Que ele nos faça lutar de acordo com as regras da prudência. Ele não apenas defendeu o depósito da fé, mas também denunciou os inimigos desse depósito.

 

 

Há, em Dom Lefebvre, uma prudência superior, um dom de conselho para discernir a verdadeira maneira de combater. A maneira verdadeira não era a de Dom Gérard, nem a do Padre Bisig, fundador da Fraternidade São Pedro, nem a de nenhuma das comunidades Ecclesia Dei (primeiras palavras do documento que excomungou Dom Lefebvre), nem a de todos aqueles que aderiram aos convites de Roma.

 

De que forma a maneira de Dom Gérard desagradava a Dom Lefebvre? Desagradava porque entregava aos inimigos os verdadeiros católicos, a parte escolhida do rebanho. Ele ficou surpreso por não ter havido mais resistência a Dom Gérard no Barroux; era preciso ter lutado mais. Entregar as almas dos monges, de seus padres, quase todos ordenados por Dom Lefebvre, e das freiras beneditinas também... sim, Dom Gérard merecia ser deposto. Dom Lefebvre me disse isso. Ele queria que eu fosse ao Barroux para isso. Confesso que não tive nem a coragem, nem a força, nem a capacidade de fazê-lo. Mas é essa a conduta dos verdadeiros bispos e também dos verdadeiros santos, como São Pio V, que liberou os ingleses da obediência à Rainha Elizabeth. No caso de Dom Gérard, não se tratava diretamente de uma questão de heresia, mas sua conduta levaria os monges aos erros modernos do Vaticano II.

 

Voltemos aos tradicionalistas. Tentemos uma definição: aqueles que, no combate atual, seguiram Dom Lefebvre e continuam a segui-lo. Eis o movimento da Tradição. Tradição doutrinária e tradição prudencial. Essa é a Tradição que aprendemos a amar com Dom Lefebvre, na qual ele repreendeu o erro, reacendeu a coragem, esclareceu as dúvidas e comunicou em abundância as graças dos sacramentos. Sigamo-lo novamente. Com ele, mais do que com qualquer outro, temos a Tradição. Ele é, ainda hoje, o homem capaz de fazer a única reconciliação (ralliement) verdadeira que pode unir todos os tradicionalistas na verdadeira fidelidade.

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