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XXIX – As Más Leituras - As Desculpas

III – As Desculpas


1 – Não me prejudico com isso


R. “Leio e depois esqueço”

Numa conversação se discorria sobre o dano que acarretam os livros e jornais maus. Uma senhora exclamou: “Mas não sinto nem entusiasmo nem frieza; leio afinal por curiosidade: depois esqueço logo o que li”. Uma jovem de espírito, que estava presente: “Minha senhora, observou modestamente, saberá dizer-me o que foi que jantou uns 15 dias atrás?”. “Oh! Não!”. “Não obstante isso, tal comida a nutriu, não é verdade?”. Todos admiraram a sábia observação; e a senhora, confusa, não soube o que lhe replicar. As leituras são o alimento do espírito, e quando são más alguma infecção na alma deixam-na sempre: será infecção oculta e lenta, mas capaz de produzir estragos e ruínas.


2 – Leio certos romances... mas que mal há nisso?


R. A oferta da leitura ao Crucifixo

Um dia se apresentou a um velho missionário uma jovem. Pela atitude e pelas expressões dela, o Padre conheceu que lidava com uma leitora de romances. “Vós ledes romances?”, disse-lhe. “Sim, mas que mal há nisso?”. “Pois bem, sabeis que devemos prestar contas a Deus de todos os nossos atos?”. “Eu o sei”. “E sabeis ainda que os atos indiferentes (o trabalho, o sono, o passeio, o comer...) se tornam agradáveis a Deus quando a Ele são oferecidos?”. “Sei também isso”. “Ora, pois, oferecei a Deus também as leituras de romances. E fareis vossa oferta assim: ajoelhada aos pés do Crucifixo direis: Meu Senhor Jesus, quero agora ler um romance, isto é, quero encher meu espírito de fatos fantásticos, de imagens sedutoras, de sentimentos de amor sensual; e tudo isso à vossa glória, e para merecer o Paraíso”. “Mas Padre... pode-se fazer essa oração? Não é uma ironia...?”. “Ah! Logo a consciências vos diz que vossa leitura não é inocente. Mas dizei a verdade: foste outrora mais devota do que recentemente?”. “Sim, Padre!”. “Éreis outrora mais séria, menos apegada à moda e ao mundo, mais retraída, mais frequente aos Sacramentos, não é verdade?”. “Sim, Padre!” “E não líeis romances naquela época?”. “Não, Padre!”. “Basta isso!”, concluiu o homem de Deus. A leitora de romance estava convicta, e ao piedoso missionário não se tornou difícil realizar a conversão daquela alma.


3 – A Igreja é rígida demais: Ela quer manter ignorante os povos


R. É falsa essa acusação

A Igreja deseja também o progresso: deseja-o e promove-o, bem feliz ao ver sábios e ilustrados os seus filhos. O que a Igreja não quer é a falsa ciência, entremeada de erros, de mentiras e de corrupção. Aliás, vinte séculos de história não se cancelam com uma simples acusação.


4 – Queremos aprender


R. Muito bem. Mas para aprender, por ventura, faltam livros bons?

Não há Tratados, Histórias, Contos, Aventuras, Revistas, Jornais de boa índole e incensuráveis, dos quais se pode tirar assim o útil como o agradável? Quase sempre não é o amor da ciência que induz a remexer a lama. Não são as inclinações da águia que bate as asas no alto, no ar puro, mas sim do abutre que na sombra desce à carniça, atraído pelo faro...


Aprender! O quê?


Nos livros e jornais maus aprendereis a duvidar das verdades da fé, a seguir caprichos e paixões inomináveis, a estragar a inteligência e o coração, a perder a alma por toda a eternidade.


5 – Nós lemos o mau, mas também o bom.


R. Muitos livros bons quase sempre não reparam o estrago de um só livro mau. O doutíssimo cardeal S. Roberto Belarmino († 1621) disse ao poeta dramático G. B. Guarini, a propósito de sua comédia “O Pastor Fiel”: “Senhor Cavaleiro, creio que fizeste mais mal com o vosso livrinho, do que o bem que eu tenho feito com todos os meus volumes in-fólio”.


6 – Não temos má intenção


Deseja-se, então, imitar a loucura de Nero que, para pescar o peixinho, usava um anzol de ouro, com o risco de perdê-lo. Que importa excluir a intenção má, se é certo o perigo da ruína?


7 – Nós temos juízo: vamos adiante se se encontra o mau


R. Isso é falso e temerário. Falso porque quase sempre o erro está escondido; temerário, porque a ocasião faz ler até aquilo que se deveria pular. Que diríeis de um homem que pusesse no colo uma víbora, embora com precauções para que o não mordesse? “Quem ama o perigo, nele perecerá: Qui amat periculum, in illo peribit” (Eclo 3,27).


Conclusão


Precauções nunca são demais. A salvação de nossa alma já se acha em contínuo perigo por muitas razões. Não se exponha ao perigo gravíssimo das más leituras!


Nas Índias há uma planta de bela folhagem, de perfume suavíssimo, mas ai do viajante que repousa sob a sombra desta árvore! Não despertará nunca mais! O perfume é um envenenamento mortal! Semelhante a essa planta são as leituras más! Ficai longe desse fatal perigo!


São Luis Gonzaga, ao topar um dia um desses livros detestáveis que corrompem a inteligência e o coração, imediatamente o jogou ao fogo; depois correu para lavar as mãos, encarando-as como contaminadas, só por terem tocado aquela imundície.


Eis o exemplo a imitar.


Ao fogo os livros, as revistas, os jornais maus! Mesmo que tenham valor, belas vestes, forma elegante! Quando Deus proibia aos israelitas que adorassem os ídolos, não lhes permitia nem que os mantivessem em casa.


Jamais se coopere de modo algum com a má estampa, pois seria fazer-se cúmplice do assassínio de irmãos. E cada qual deve ir logo aos fatos, se quer prover à salvação de sua alma.


(Extraído do livro A Palavra de Deus em Exemplos, G. Montarino,

riginal La Parole di Dio per la Via d’Esempi)


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