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XXV – A Oração - Condições da prece




A Oração

Condições da Prece



III – Condições da prece


O santo rei Davi compara a oração ao perfume do incenso que se eleva a Deus. Mas para que suba o perfume odoroso, é preciso que haja brasas no turíbulo. Também a prece subirá a Deus se partir de um coração ardente de e de devoção, e for feita com humildade e confiança. Eis, então, o que se requer para rezar bem:


1 – Atenção e Devoção


É preciso pensar que se está na presença de Deus e que se fala com ele. No entanto, como rezam tantos jovens? Com que atenção e devoção? Com a do papagaio, que diz as palavras que aprendeu, sem saber o que diz. O Senhor, por intermédio do Profeta Isaías, assim se lamentava aos hebreus que rezavam mal: “Esse povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim: Populus hic labiis me honorat; cor autem eorum longe est a me” (Is 29,13). Estas mesmas palavras Jesus as dirige aos judeus (Mt 15,8). Não teria razão o Senhor de lamentar-se também de certos jovens? Quantos merecem até a censura que fez Jesus aos Apóstolos: “Até agora não pedistes coisa alguma em meu nome: Usque modo non petistis quidquam in nomine meo” (Jo 16,24), como a dizer: “Não rezastes”.


Uma visão de São Bernardo – S. Bernardo estava certa noite no coro a recitar o ofício com seus monges; e viu ao lado de cada um deles um Anjo que escrevia num papel. Mas uns Anjos escreviam com letras de ouro, outros com letra de prata, outros com tinta comum, e alguns não escreviam. Deus deu a entender ao santo que as letras de ouro significavam o fervor de quem rezava; as de prata uma devoção menos fervorosa; as de tinta apenas diligência no recitar das palavras, sem devoção e com distração. Os Anjos, afinal, que nada escreviam, demonstravam a acídia dos religiosos que não rezavam. Examine agora cada qual de vós como recita suas orações, e como as escreverá o seu Anjo bom.


Atenção, pois, e devoção, permanecendo recolhidos. S. Bernardo, antes de entrar na igreja para rezar, ao se achar à porta, dizia a si mesmo: Pensamentos do mundo e das questões terrenas, ficai aqui e esperai até eu sair: tornarei então a tomar-vos.


2 – Humildade e Fervor


“A oração dos humildes penetra o Céu, e vai até o trono de Deus.” (Eclo 35,21). S. Agostinho diz que quando pedimos graças a Deus, devemos aprender dos pobrezinhos que pedem esmola. Como fazem eles? “O pobre fala suplicando”, diz o Espírito Santo (Prov 18,23). Já vistes como os pobres se humilham e suplicam quando pedem a caridade? Eles vos mostram seus rostos pálidos de fome, seus membros retraídos, mutilados, ou feridos; contam-vos a história de seus males, e vos suplicam, lembrando as almas do Purgatório, o Paraíso, os padecimentos de Jesus Cristo... E com que empenho e calor” E que pedem afinal? Nada, a não ser um vintém! E se lhes dais qualquer coisa, rendem-vos mil graças e invocam sobre vós mil bênçãos. E nós, que pedimos a Deus suas graças, sua ajuda, o seu Reino, seu Paraíso, por que não faremos o mesmo? Não esperemos obter de Deus tudo o que pedimos, se nossa prece não for humilde e fervorosa.


O Publicano – Lemos no santo Evangelho que o Publicano, ao entrar no Templo, não se colocou à frente; mas, ficando num cantinho e não ousando nem erguer o olhar, todo confuso e humilhado dizia: “Senhor, tende piedade de mim, pecador!” (Lc 18,13). Assim é feita a oração se deve ser por Deus ouvida.


3 – Fé e Perseverança


Disse Jesus: “Quem necessita de graças, espere e peça-as a Deus sem duvidar. O que pedis na oração, tende fé de consegui-lo e obtê-lo-eis” (Mc 11,24). E São Francisco de Sales: “Quem espera pouco, obtém pouco; quem espera muito, obtém muito”. Devemos confiar muito nos méritos de Jesus Cristo, e pedir as graças em seu nome, sabendo que tudo o que ele fez e padeceu, não o fez por si mas por nós.


E não devemos parar de rezar. O Senhor disse também: “Orai sem cessar: Sine intermessione orate” (1 Tes 5,17). Alguns rezam durante uns dias: depois se cansam e não rezam mais. entretanto o que sucede? Caem em pecados, e se dão vencidos pelo demônio. Não rezando, tornam-se pobres de virtudes e não têm mais força para resistir às tentações; consequentemente ei-los pecadores. Há outros afinal que deixam de rezar por não obterem logo o que desejam. Não se deve pretender que Deus nos atenda assim que abrimos a boca. Às vezes o Senhor não nos atende logo porque deseja pôr à prova a fé; e se se faz surdo às nossas preces, é sinal de que aquilo que pedimos não é para melhoria nossa. Eis um modelo de perseverança na oração.


A Cananeia – Apresentou-se a Jesus uma mulher cananeia, para obter a cura de sua filha. E Jesus nem a olhou e lhe virou as costas. A mulher não se atemorizou por isso, e seguia-o tão insistente que os Apóstolos disseram a Jesus: Despacha-a que ela grita atrás de nós. Mas Ele responde que é enviado apenas por causa das ovelhas de Israel. A cananeia se põe ainda diante dEle, e Jesus: “O pão dos filhos não se dá aos cães”. “Pois bem, replica a mulher, mas também os cachorrinhos comem as migalhas que caem da mesa”. Então Jesus: “Mulher, grande é a tua fé: que te seja feito como desejas” (Mt 15, 21-28). Essa mulher foi posta à prova: perseverou na prece e foi atendida.


Conclusão


Fazei grande conta da oração: ela é a chave do Paraíso (S. Agostinho). Não vos deixeis enganar pelo demônio que tem tanto medo da oração, e por isso procura todos os meios para não vos deixar fazê-la, ou para fazê-la mal. Um santo pregador (Segneri) escreveu: “Eu gostaria de poder soprar uma trombeta como a que se dará ouvir em todo o mundo no dia do Juízo, e gritar forte a todos: Orai, orai, se quereis salvar-vos!”. Orai, pois, vós também, e amiúde. Não descureis nunca as orações matinais e da noite, e recorrei a Deus também durante o dia, especialmente nas tentações e nos perigos.


Um ladrão apavorado pelo “Pai Nosso” – Numa cidade, em época de feira, todos os moradores de uma casa estavam fora, exceto um menino que brincava só em casa. De repente ele viu um ladrão que entrava por uma janela. Percebendo o perigo, o pequeno imediatamente se ajoelhou, e recitou em voz alta o Pai Nosso. A oração desse inocente abalou tanto o ladrão, que, apavorado e arrependido, fugiu. Vede como é útil a prece nos perigos?


Fazei uso também das jaculatórias, invocando amiúde a ajuda de Deus de Maria Santíssima com as palavras: Meu Deus, ajudai-me! Mãe de Deus, assisti-me! Isto pouco custa, e podereis fazê-lo em casa, na escola, nas ruas e até nos recreios. Assim com pouco ganhareis muito. Fazei-o então e tende bem em mente as importantes palavras que disse S. Afonso: “Quem reza, certamente se salva”. Se rezardes, certamente salvar-vos-eis também.



(Extraído do livro A Palavra de Deus em Exemplos, G. Montarino,

Do original La Parole di Dio per la Via d’Esempi)



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