A Impureza
Os Castigos
III – Os Castigos
1 – Na história dos reinos
Deus tem punido com rigor, na terra, a desonestidade. Observa Salviano, com outros autores sérios, que os mais vastos impérios e as principais monarquias do mundo se arruinaram pela lascívia dos povos e de seus governantes.
Assim o Reino dos Assírios, sob Sardanapalo, o homem mais efeminado e lascivo que a história recorda; o dos caldeus, sob o rei de Baltasar, entregue à libidinagem; o dos persas, sob o rei Dario, luxurioso; o dos egípcios, sob Cleópatra, rainha célebre por suas indecências; e, finalmente, o Império Romano. Este se manteve grande e temível enquanto o povo foi austero e morigerado. Ruiu quando os romanos se afastaram da austeridade e correção de outrora, e se deixaram levar pela dissolução, sob os imperadores Tibério, Calígula, e Heliogábalo, o jovem mais imundo que jamais macularia a terra. Esses degenerados restos dos Quirites farreavam, jogavam, metiam-se na lama até o gogó: e entrementes os bárbaros afiavam as espadas a fim de exterminá-los.
Foi sempre assim: os povos apodrecidos nos vícios não puderam esperar outra coisa além do flagelo de Deus e do extermínio.
2 – Na História Sagrada
A Escritura Sagrada narra frequentes e espantosos castigos, com os quais Deus puniu os luxuriosos. Her e Onan, filhos do patriarca Judá, por “coisas detestáveis” foram liquidados por morte súbita (Gn 33, 7-10). Pela mesma razão 24 mil israelitas foram trucidados no deserto (Nm 25, 9). Por causa da luxúria dos benjamitas, pereceram mais de 60 mil deles (Jz 20). A cidade de Siquém foi submetida a ferro e fogo, e desolada por causa da lascívia de seu príncipe (Gn 34). Os sete maridos de Sara foram, um a um, estrangulados pelo demônio, por causa de sua obscenidade (Tb 3, 8). Mas os castigos mais formidáveis e inauditos da história do mundo, foram o dilúvio universal e a destruição de Pentápole: “Todo homem sobre a terra, com sua maneira de viver, estava corrompido”, diz a Sagrada Escritura (Gn 6, 12); e Deus, aplicando nossa maneira de falar, “tocado de grande dor disse: Exterminarei o homem!” (ib., 6, 7). E despejou sobre a terra um dilúvio d’água para destruir toda a raça humana. E por se ter erguido da terra outro pestífero fedor de luxúria, Deus mandou do Céu fogo e enxofre fervendo para incinerar as cidades de Sodoma e Gomorra com as outras três da Pentápole (Gn 19, 24). Chega a isso a vingança divina, a qual nesses castigos demonstra como Deus abomina e detesta o pecado da impureza. E também as múltiplas e graves calamidades, que em tempos mais recentes assolaram povos e nações, devem-se reconhecer como uma explosão da ira de Deus, a fim de punir as torpezas que, espalhando-se, sujaram a terra.
3 – O castigo eterno
Aos desonestos, se não se emendam, está reservado o eterno castigo na outra vida. Lembremos as graves palavras de S. Paulo: “Nenhum fornicador ou impudico será herdeiro no reino de Cristo e de Deus” (Ef 5, 5). Sobre a porta do Paraíso estão escritas as terríveis palavras: “Foris canes, et impudici: Fora os cães e os impudicos” (Ap 22,15). O inferno com seus eternos e indescritíveis tormentos: eis a pena que aguarda os desonestos na outra vida. E quantos a encontram! Diz S. Agostinho: “Como a soberba povoou de anjos o inferno, assim o enche de homens a desonestidade”. E S. Afonso: “Todos os cristãos que se danam, danam-se por causa da desonestidade, ou pelo menos não isentos dela”. Vale então a pena acariciar esse corpo que não passa de um manto que virará pó, e um pouco de lama que voltará logo à terra? E desejar-se-ia, pela miserável satisfação de um momento, perder uma alma imortal, feita à imagem de Deus e destinada aos puros gozos eternos, para condená-la a uma herança de penas?
Conclusão
Jovens, detestai, fugi do vício da impureza, como o mais vil, o mais abominável, o mais pernicioso! Dir-vos-ei agora com S. Paulo: “Não vos seduza ninguém com palavras vãs: Nemo vos seducat inanibus verbis” (Ef 5, 6). Se algum libertino vos quisesse fazer crer que os pecados impuros são fraquezas da natureza humana, pensai afinal no bárbaro em que eles vos precipitam. Pensai em vossos altos e eternos destinos.
“Viver quais brutos veda-o vossa origem!
De glória vos impede ambição pura!”
Quem tem a sorte de possuir o incomparável tesouro da pureza, dê de coração graças a Deus, pois se assemelha aos anjos. E se alguém por suma desventura, o houvesse perdido, corra logo ao remédio, purificando a alma com o Sacramento da penitência. Cada qual pratique em seguida os meios com os quais poderá manter-se puro e casto. Esses meios são: a fuga das ocasiões, oração, o cuidado e mortificação dos sentidos, os Sacramentos e a devoção a Maria Santíssima.
A todo assalto da tentação sede fortes para resistir, e vos sirva de estímulo afinal o exemplo de tantos cristãos verdadeiros e dos santos que preferiram morrer a macular-se de um único pecado impuro.
Assim gozareis da verdadeira felicidade nesta vida, e tereis na outra a sorte reservada àqueles afortunados dos quais é dito no Evangelho: “Beati mundo corde, quoniam opsi Deum videbunt: Felizes dos puros de coração, porque verão a Deus”.
(Extraído do livro A Palavra de Deus em Exemplos, G. Montarino,
Do original La Parole di Dio per la Via d’Esempi)