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XXXIII – O Remédios contra a Impureza


O Remédios contra a Impureza

A mortificação dos sentidos


S. Paulo disse que quem quer ser de Jesus Cristo, deve crucificar a sua carne com as suas concupiscências: “Qui Chisti sunt, carnem suam crucifixerunt cum vitiis et concupiscentiis suis” (Gl 5, 24). E ele o praticava: “Castigo o meu corpo e o reduzo à escravidão (1 Cor 9, 27). É mister pois mortificar os sentidos.


I – A mortificação dos sentidos


1 – A mente e o coração


Não dar ensejo a pensamentos, imaginações, desejos, afeições impuras. São pecados, quando são desejados, ainda que não haja a prática deles. Jesus chamou os Fariseus de “sepulcros caiados”, justamente porque bons só por fora, e por dentro maus e desonestos. Os pecados íntimos são desastrosos pela frequência e facilidade com que se repetem. Os atos nem sempre se podem praticar, mas os pensamentos se podem multiplicar sempre e em toda parte. Ao demônio basta apenas agarrar as suas presas: faz como o gavião. Este bicho, quando agarra o pássaro, só lhe come o coração: o resto ele larga. Também o demônio: contenta-se em fazer o estrago do espírito e do coração do jovem incauto, pois assim já despojou da graça a alma. Dizia S. Leonardo: “Se a juventude incauta tivesse de vidro a cabeça, de se poder enxergar dentro, quantas diabruras descobrir-se-iam!”.


Resistência, pois, ao primeiro assalto. Então é mais fácil vencer o inimigo, quando não se lhe abre a porta do espírito e do coração. Disso nos adverte o Espírito Santo: “Cuidai com toda a vigilância do teu coração, pois dele vem a vida; virá dele, no entanto, a morte, se negligencias o diligente cuidado dele” (Prov 4, 23).


2 – Os olhos


Jó disse ter feito um trato com seus olhos, o de nem pensar numa virgem (Jó 31,1). Por que o trato com os olhos? Porque estes são o veículo pela qual se transmite ao pensamento o objeto mau, e à alma o pecado. O demônio às vezes se contenta ao conseguir impressionar apenas o olhar, seguro de fazer presa da alma. Imita certo soldado que, pretendendo ferir o rei Filipe, escreveu na ponta de uma frecha estas palavras: A Filipe num olho”. Depois fez a mira do olho dele, e naquele ponto conseguiu enfiar a frecha. Quantos são tidos em mira pelo demônio desse modo! Deve-se imitar os pássaros, cujo exemplo nos oferece o Espírito Santo: “Em vão se arma a rede ante os olhos dos pássaros” (Prov 1,17). Vendo-a, eles fogem e escapam da morte. São Pedro Damião conta de si mesmo, que na mocidade, estudando em Parma, teve de ver, por necessidade e contra a sua vontade, certa pessoa sedutora; e embora lhe houvesse oposto vigorosa resistência, a impressão foi tão forte e persistente, que lhe causou violentas tentações que o perseguiram até no deserto onde se havia retirado. Davi e os dois velhotes que tentaram seduzir Susana deveram apenas a olhares ilícitos a sua fatal queda.


3 – A língua

“As más conversas corrompem os bons costumes, diz S. Paulo (1 Cor 15, 33). Que ninguém jamais se permita dizer palavras obscenas ou indecentes, as quais fomentariam as paixões. Disse-o até um filósofo gentio (Aristóteles): Da licença das palavras torpes decorrem afinal os atos torpes (Arist., 7 Pol.).


4 – O ouvido


Também pela porta dos ouvidos pode o ladrão infernal entrar na alma e depredá-la. Por isso nos inculca o Espírito Santo: “Põe cercas de espinhos em tuas orelhas, para não escutar a má língua “Eclo 28, 28). A quem ousar falar-vos de modo impróprio, podeis responder com as palavras do Evangelho: “Vós tendes por pai o diabo” (Jo 8, 44).


S. Estanislau Kostka era filho de um rico senador da Polônia. Desde a tenra idade conheceu que a pureza do coração é uma flor delicadíssima que ao menor vento murcha. Por isso, quando o pai dava banquetes a príncipes, generais e senadores que lhe frequentavam a casa, se Estanislau (ainda com 5 ou 6 anos de idade) às vezes ouvia alguma conversa imoral, corava, depois ficava pálido e desmaiava. De sorte que o pai era obrigado a dizer aos convidados antes do banquete: “Evitai certas conversas; então o meu pobre pequeno olha para o céu e rola pelo chão sob a mesa”.


5 – A gula


Evitar a intemperança. O uso imoderado do vinho e de outras bebidas alcóolicas excita e fomenta os apetites sensuais. Diz São Paulo: “Não vos inebrieis com vinho, em que há luxúria” (Ef 5,18). E Orígenes assevera que a sobriedade é a mãe de todas as virtudes. As antigas mulheres romanas deram exemplo de pudicícia por sua sobriedade.


“Das romanas à antiga singeleza

Água bastava”

(Purg. XXII, 145-146)


A temperança, de fato, reprime a carne e mantém-na submissa ao espírito, habilita o homem para o estudo, conserva a mente serena e abre a porta às virtudes.


S. Hilarião, perseguido por pensamento contrários à bela virtude, resistia energicamente, batendo no pito com uma pedra e dizendo a seu corpo: “Asno insolente, farei realmente com que não recalcitres: dar-te-ei palha em vez de cevada, varadas em vez de carícias”. Assim passava alguns dias comendo só ervas grestes; e entrementes estava salva a virtude dos Anjos.


6 – O tato


Lembremos aqui as palavras do Espírito Santo: “Quem subirá à montanha do Senhor? Aquele que tem as mãos limpas e o coração puro” (Sl 23, 3-4).


De todos os sentidos, é o tato o mais material e o mais daninho; é o que, se não é mortificado, faz degenerar o homem de sua nobreza, porque é instrumento para todas as deleitações sensuais. A esse terrível inimigo é preciso combater com violência, e não se lhe deve conceder nada, advertindo-os o Espírito Santo de que “quem desde a puerícia tratar o próprio corpo (destinado a ser servo da alma) com excessiva condescendência e delicadeza, tê-lo-á rebelde, e acabará afinal, por ser dominado por ele. Souberam-no os antigos romanos antes de se degenerarem. A vida austera e sóbria, o suar nos campos, o exercitar-se nas armas, o tratar com aspereza o próprio corpo: eis o que os fez continentes, elevando-os à verdadeira grandeza. Souberam-no os filósofos antigos, embora pagãos.


(Extraído do livro A Palavra de Deus em Exemplos, G. Montarino,

Do original La Parole di Dio per la Via d’Esempi)

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