O Remédios contra a Impureza
Fuga das ocasiões
Caros jovens,
Estais persuadidos, como outros o estão, de que o vício da impureza é o mais abominável, considerado em si mesmo e à luz da fé; que ele é o mais desastroso para o indivíduo e para a sociedade; e que atrai os tremendos castigos divinos e abre a porta do inferno a quem a tal vício se entrega. Todavia, com que facilidade se comete esse pecado! Quantos cristão enveredam pela estrada lúbrica da sensualidade que leva à perdição! Donde isto? Eis as razões. Uns dizem: “A lei da castidade é dura; é superior a nossas forças”. Outros assim se desculpam: “Nós nos sentimos inclinados demais a certas desordens, seríamos bem contentes ao nos mantermos puros, mas arrasta-nos a corrupta natureza, e faltam-nos forças”. São admissíveis tais desculpas? Eu respondo: Quantos têm sabido manter-se castos! O fato aí está! Incontestável! Não poderíamos dizer: esses não tinham as nossas paixões. Tinham-nas, e talvez até mais fortes, mais obstinados, e frequentemente terríveis como furacões, como tempestades que pareciam pretendê-los engolir. E, no entanto, o suportaram. “Se estes e aqueles, por que não eu?”, dizia Santo Agostinho a essa reflexão; e se ergueu da lama, e quebrou as cadeias, no entusiasmos mesmo da juventude, e se manteve casto. Logo é possível a pureza a quem quer que seja.
E todos devem-na manter. Como consegui-lo?
Eis os principais meios, que se reduzem a três:
Fuga das ocasiões;
2. Mortificações;
3. Oração.
Praticando-os, é certo vencer o demônio da impureza.
I – Fuga das ocasiões
As ocasiões que induzem facilmente aos pecados desonestos são:
1 – O Ócio
Como de todos os vícios em geral, ele é o princípio da luxúria em particular. “A ociosidade é mestra de muitos vícios”, diz o Espírito Santo (Eclo 33,29). “Um demônio tenta quem está ocupado; mil demônios tentam o homem ocioso” (Cassinao). Davi, enquanto estava ocupado nas batalhas, manteve-se consoante o coração de Deus: uma hora de ócio bastou para precipitá-lo na culpa. “A luxúria depressa surpreende o homem ocioso” (São Bernardo). Mantende-vos ocupados: o trabalho é um derivativo poderoso; é um contraveneno que cura a alma, mantém longe o mal e fecha a porta ao espírito impuro. “É o escudo do coração”, diz São João Crisóstomo; e é ao mesmo tempo uma elevação do espírito que afasta todas as ocasiões de pecado. Fugi, pois, do ócio!
2 – As Más Companhias
Quem frequenta os viciados, sem percebê-lo, torna-se viciado. Os companheiros dissolutos são como tantos pestilentos que infeccionam também os outros. Do mesmo modo que uma única maçã podre chega para apodrecer uma cesta de maçãs sadias, também um único companheiro mau é suficiente para corromper e viciar cem bons e inocentes. Assim demonstra a experiência. Quantos jovens, que têm andado eternamente perdidos, amaldiçoam os companheiros pelos quais foram seduzidos e arruinados! Por isso, diz o Espírito Santo: “Afasta-te de teus inimigos, e fica em guarda quanto aos amigos” (Eclo 6,13).
3 – As Más Leituras
Não se comeria um pão envenenado. A literatura hodierna, os romances, as revistas, os jornais, amiúde inquinados de sensualismo, são um alimento envenenado para a alma. Quantos incautos, levados pela curiosidade, aproximaram os lábios desse gênero de veneno, e daí trouxeram a intoxicação e a morte da alma.
4 – Os Espetáculos Indecentes e os Bailes
Esses em nossos dias são laboratórios de impudicícia, ou pelo menos um grande incentivo à luxúria. Pode o homem andar sobre brasas, sem queimar os pés? “Sois de pedra ou de ferro?”, indaga S. João Crisóstomo, e responde: “Não: vós sois de palha; colocai a palha em cima do fogo, e depois vinde dizer-me que não se queima!”
Alípio no Circo – Conta Santo Agostinho que um amigo seu, de nome Alípio, era um grande apaixonado do teatro; mas dos dramas, amiúde obscenos, trazia impressões ruinosas. Obteve o santo que o amigo se abstivesse daqueles perigos, e assim correu a coisa por uns tempos. Mas depois, eis que se dá um grande espetáculo no Circo, e Alípio, cedendo a instantes convites dos amigos, ali volta, embora contra a vontade! “Fecharei os olhos (dizia ele) assim ao mesmo tempo estarei presente e ausente”. De fato, manteve algum tempo os olhos fechados. De repente, explodiu o Circo um aplauso fragoroso, e Alípio, não mais sabendo resistir, abriu os olhos. Bastou isso, para que o demônio fizesse a sua presa. O mísero espectador assentiu... aplaudiu... e saiu do Circo com a alma torpemente maculada (S. Agostinho, Confissões, VI,8).
(Extraído do livro A Palavra de Deus em Exemplos, G. Montarino,
Do original La Parole di Dio per la Via d’Esempi)