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XXXIV – A Sagrada Eucaristia - O que é a Eucaristia

A Sagrada Eucaristia

Que é a Eucaristia


Lá está Jesus – Um dia um protestante inglês entrou com uma filha de 5 anos numa igreja católica de Londres. À vista da lâmpada acesa diante do altar-mor a menina perguntou ao pai: “Por que aquela lâmpada apesar de estar de dia?”. “Porque ali, atrás daquela portinha dourada mora Jesus”. “Papai, mostra-me Jesus”. “Não se pode porque a portinha está fechada”. Papai e filha saíram da igreja e entraram num oratório protestante. A menina imediatamente: “Aqui não há lâmpada. Por quê?”. “Porque aqui não está Jesus”. “Então que estamos a fazer aqui? Vamos embora: vamos aonde está Jesus”. A insistência da menina, que afinal queria ir sempre onde se achava Jesus, acabou por converter o pai à fé católica.


Quantas vezes tendes visto nas igrejas a lâmpada acesa diante do altar! Mas vos têm penetrado a ideia de que ali, no santo Tabernáculo, mora Jesus Cristo verdadeiro Deus e verdadeiro Homem como é no Céu? Talvez nem sempre vos venha à mente esse grande prodígio que Deus operou e continua a operar na terra: o prodígio da Sagrada Eucaristia. Pois bem, considerai agora essa grande verdade de fé. Que também possais tê-la sempre fixa na mente! Dir-vos-ei:


  1. Que é a Eucaristia;

  2. O amor imenso de Jesus Cristo ao instituí-la;

  3. Os nossos deveres para com a Eucaristia.



I – Que é a Eucaristia


1 – Definição - Natureza


“A Eucaristia é o Sacramento que, sob a aparência do pão e do vinho, contém realmente Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo, para alimento das almas”. Assim diz o Catecismo. É um Sacramento, mas diferente dos demais; porque os outros Sacramentos contêm e produzem a graça; a Eucaristia, entretanto, obtém e comunica a nós o próprio Autor da graça, que é Jesus Cristo. Sabemos que dos Sacramentos o mais necessário é o Batismo, porque sem ele não há esperança de salvação; porém, o maior, o mais augusto, o mais santo e o mais adorável é a Eucaristia. Por isso se chama o Sacramento do Altar, porque no Altar se consagra e se conserva; Hóstia Sagrada porque contém Jesus Cristo Hóstia, isto é, vítima imolada para salvação do mundo; Pão do Céu, porque contém Jesus Cristo que desceu do Céu e se fez Homem; Pão dos Anjos, para indicar a pureza quase angélica que se deveria ter para receber a Eucaristia, e porque ela é a delícia dos Anjos; Pão da vida, porque é a fonte da verdadeira vida, da vida divina, e nos assegura a vida eterna.


NO SACRAMENTO DA EUCARISTIA está Jesus sob as aparências do pão e do vinho; isto é, a nós parece ver tais substâncias, mas na realidade elas cessaram de existir e se transformaram admiravelmente no Corpo de Jesus Cristo, ao qual estão necessariamente unidos o seu sangue, a sua alma e a sua divindade.


2 – A Promessa


Muito tempo antes de ser instituído o Sacramento da Eucaristia, havia dito o Senhor que encontrava as suas delícias ao estar no meio dos filhos dos homens (Prov 13, 31). Jesus depois ainda prometeu a seus discípulos que os não deixaria órfãos e abandonados nesta terra (Jo 14,18). Além disso Jesus, falando às turbas que O seguiam, disse: “Eu sou o pão da vida: Ego sum panis vitae” (Jo 6, 48). “Minha carne é verdadeiramente alimento, e meu sangue é verdadeiramente bebida” (Jo 6, 56). Com estas palavras e com outras ainda (que se leem no Cap. 6 de São João), Jesus fez a promessa do grande Sacramento que instituiria. Ele falou claro e em termos precisos declarou que na Eucaristia se contém real e substancialmente o seu corpo e o seu sangue. Ora, eis como se cumpre a promessa.


3 – A Instituição


Reportemo-nos em pensamento a Jerusalém, no Cenáculo, onde o divino Redentor está sentado à mesa no meio de seus Apóstolos, para comer com eles a última ceia. Aquele semblante iluminado e radiante de alegria, aquele olhar cheio de amor e de doçura revelam o imenso desejo que ele tem de ficar no meio dos homens nesta terra de modo inteiramente maravilhoso.


Jesus lavou primeiro os pés de cada um dos Apóstolos, para indicar a pureza exigida para participar do solene mistério que estava para cumprir; depois operou o grande milagre da transubstanciação, isto é, da transformação da substância do pão e do vinho no seu verdadeiro corpo e no seu verdadeiro sangue; e operou-o assim:


Durante a ceia, ele tomou do pão, benzeu-o, partiu-o e deu-o a seus discípulos, dizendo: “Tomai e comei: Isto é o meu corpo”. Depois tomou do cálice (com vinho), e, rendidas as graças, deu-lhes, dizendo: “Bebei-o todos vós, que isso é o meu sangue do novo testamento; o qual será derramado por muitos para remissão dos pecados” (Mt 26, 26-28). Em seguida aduziu:


“Isto que eu fiz agora, fazei-o vós também em minha memória: Hoc facite in meam commemorationem (Lc 22, 19). Queria dizer Jesus Cristo: “Eu vos dou o poder de transformar o pão no meu corpo, e o vinho no meu sangue toda vez que pronunciardes as mesmas palavras que eu pronunciei”.


Assim foi instituído o Sacramento da Eucaristia. Assim foi realizado o grande, o sublime milagre, pelo qual o pão e o vinho, em virtude das palavras onipotentes de Jesus Cristo, foram transformados no seu verdadeiro corpo e no seu verdadeiro sangue. E eis perpetuada a presença real de Jesus Cristo em nosso meio: por força desse grande Sacramento Jesus Cristo está conosco, e aqui ficará até a consumação dos séculos.


4 – A verdade de fé

Isto é verdade de fé; e se alguém não cresse nela, seria herege e não pode salvar-se. Nós cremos que Jesus Cristo está na Eucaristia, porque Ele próprio o disse, e a Igreja (constituída por Jesus Cristo mestra da verdade) sempre o acreditou e ensinou.


Santa Francisca de Chantal era ainda menina, quando ouviu um calvinista negar a presença real de Jesus Cristo na Sagrada Eucaristia. Ela assim replicou ao herege: “Não credes no que disse Jesus Cristo? Portanto O tratais como mentiroso. Se fizésseis semelhante ultraje ao rei, pagá-lo-íeis bem mais caro! Que fará Deus a vós que ultrajastes o seu Filho?”. O herege procurou acalmar a menina, dando-lhe presentinhos, porém, ela os tomo e os jogou no fogo, dizendo: “Eis como se queimarão no inferno os hereges, por não quererem crer na palavra de Jesus Cristo!”


Devem agora cada qual de vós gravar bem na memória estes pontos importantes da verdade de fé em que se crê:


a) Na Eucaristia está Jesus Cristo, não em figura, como no Crucifixo, mas é Ele vivo e verdadeiro como se acha no Céu: o mesmo Jesus Cristo que nasceu de Maria Virgem, que viveu na terra, que padeceu e morreu por nós, que ressuscitou glorioso e subiu ao Céu.


b) Toda vez que o Sacerdote na Santa Missa pronuncia as palavras da consagração, verifica-se a prodigiosa transformação do pão no corpo e do vinho no sangue de Jesus Cristo.


c) Na Eucaristia está todo Jesus Cristo, tanto sob as espécies do pão, como sob as espécies do vinho; porque o corpo vivo não pode separar-se do sangue, nem o sangue do corpo.


d) Se a Hóstia se rompesse em muitas partes, não se rompe o corpo de Jesus Cristo, mas continua inteiro em cada parte, não importa que seja mesmo pequeníssima.


e) Em todas as hóstias consagradas do mundo se encontra Jesus Cristo; ou, para falar mais exatamente: todas as hóstias consagradas são Jesus Cristo, o qual se acha ao mesmo tempo no Céu e onde estiver uma hóstia consagrada. E como se explica toda esta série de maravilhas? É um milagre da onipotência de Deus.


“Sabe o Sr. O Credo?” – Um garoto de 10 anos tinha voltado do Catecismo, todo alegre, porque a breve trecho faria a primeira Comunhão. Um senhor incrédulo lhe fez esta pergunta: “Crês que Jesus verdadeiro Deus e verdadeiro homem esteja em toda hóstia consagrada: não é verdade?”. “Certo”. “Mas como pode ser verdade isso, quando tu dizes no Pai Nosso que Deus está no Céu?”. E o garoto: “Perdão, sabe o senhor o Credo?”. “Sim, que o sei”. “Experimente dizê-lo”. E o senhor: “Creio em Deus Padre todo poderoso...”. “Basta isso!”, interrompe o menino. “Se Deus é todo poderoso, pode fazer tudo o que pretende: por isso pode estar no Céu e na Eucaristia, e em todas as hóstias consagradas”.


A onipotência de Deus – Deus, com uma só palavra, criou do nada o sol, a lua, as estrelas, as plantas, os animais, e todo esse grande mecanismo do Universo: não poderá então transformar um pouco de pão em seu Corpo, e um pouco de vinho em seu sangue? Com a sua onipotência Jesus operou, nas bodas de Caná, o estupendo milagre da transformação da água em vinho; saciou no deserto uma imensa multidão com 5 pães e 2 peixes; ressuscitou o filho da viúva de Naim; ressuscitou Lázaro morto há 4 dias; curou não se sabe quantos cegos, aleijados, paralíticos... Se pode operar tais milagres, podia perfeitamente fazer também este: transformar a substância do pão e do vinho em seu corpo e em seu sangue, e operar todas as outras maravilhas que acreditamos na Eucaristia. Se não sabemos como se dão esses milagres, que importa? Basta-nos saber de Jesus Cristo mesmo, que ele os realizou e realiza.


“Disse-o Jesus Cristo” – O Célebre O’Connell. Grande orador e defensor da liberdade irlandesa (+1847), era pio e fervoroso católico. Um dia, achando-se ele com uns protestantes, foi por estes reprovados e chasqueado por acreditar na presença real de Jesus Cristo na Sagrada Eucaristia e em todos os milagres desse grande mistério. Mas o valoroso homem respondeu sem hesitar: “Deveríeis conhecer o Evangelho: entendei-vos, portanto, a esse respeito com Jesus Cristo: ele o disse, e por isso eu o creio”. Que mais se deve responder a quem traz a dúvida? Jesus Cristo, o Filho de Deus, o disse; ele, certamente, não pode enganar-se nem ser enganar.


5 – A prova dos milagres


Quis o Senhor, todavia, em vários lugares, fazer-nos conhecer a sua presença real na Eucaristia com muitos milagres. Bastará citar alguns mais notáveis.


O milagre de Turim – Em 1453, uns ladrões sacrílegos entraram de noite numa igreja de Piemonte, e roubaram, entre outras coisas, um ostensório com a Hóstia consagrada dentro dele. Puseram tudo num saco que carregaram em cima de um burro, e se foram às pressas por uma longa viagem até Turim. Aí, defronte da Igreja de S. Silvestre, o burro pára e não há jeito de fazê-lo prosseguir. Entrementes cai de cima do animal o saco e se abre por si, deixando sair para fora o Ostensório que subiu alto à vista de todos. O povo acorrido bradava ao milagre; e enquanto isso foi avisado o Arcebispo, que se foi processionalmente ao local com o clero. Mas eis novo prodígio: o Ostensório se abriu e caiu ao chão, ao passo que a Hóstia ficou no ar, resplandecente de luz vivíssima. Aí o Arcebispo rezou fervorosamente com o povo; depois, erguido o cálice, recebeu nele a Hóstia que ali desceu devagarinho, e levou-A solenemente à igreja. No lugar onde ocorreu o milagre foi construída a atual igreja denominada do Corpo de Deus.



(Extraído do livro A Palavra de Deus em Exemplos, G. Montarino,

Do original La Parole di Dio per la Via d’Esempi)

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