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XXXV – A Devoção a Maria Santíssima - Bondade de Maria



A Devoção a Maria Santíssima

Bondade de Maria



II – Bondade de Maria


Podem-se exprimir os tesouros de bondade em Maria? Estamos num mar que se não exaure.



1 – As figuras antigas


Maria foi figurada nos símbolos de piedade e de salvação.


a) Recordai a Arca de Noé - Na qual encontrou salvação não só o homem inocente, o cordeiro e a pomba, mas acharam-na até as feras. A essa Arca se assemelha a Virgem, em quem acham salvação os justos e os pecadores.


b) Recordai o Arco-íris – O qual apareceu após o dilúvio, como sinal de paz entre Deus e os homens. Ao arco-íris se assemelha Maria, que, aplacando a justiça divina, obtém para o mundo graça e perdão. Logo toda ela é bondade.


2 – Maria é Mãe


Há nome tão doce, tão terno e que desça tanto ao coração como o de mãe? E quem pode calcular o amor de mãe? Maria que é a Mãe de Deus é também nossa mãe! Jesus Cristo no-la deu lá no Calvário; quando estava moribundo sobre a cruz. Voltado para sua Mãe Santíssima, que se achava imóvel e num mar de angústias ao pé da cruz, apontou-lhe S. João (o seu discípulo predileto), dizendo: “Ó mulher, eis aqui o teu filho: Mulier, ecce filius tuus” (Jo 19,26). Depois disse ao discípulo: “Eis a tua mãe: Ecce mater tua” (ib. 27). Desde esse momento nós todos, que estávamos compreendidos na pessoa de S. João, nos tornamos filhos de Maria Santíssima, sucedendo nos direitos que tinha Jesus Cristo para com ela. Maria, então, pela última disposição de Jesus agonizante, tornou-se a nossa mãe caríssima.


Ora, qual será o coração dela a nosso respeito? Quais as suas solicitudes? Poder-se-á comparar o seu amor aos das mães terrenas? Diz S. Afonso que não; afirma até que se o amor de todas as mães terrenas que existiram, que existem e que existirão no mundo, se unisse e se concentrasse num só coração, nada seria em comparação ao que Maria dedica a nossa alma.


3 – É a Corredentora


Vede-o, o amor de Maria nos fatos. Como ela foi constituída mediadora de paz entre Deus e os homens e corredentora do gênero humano, eis que, pelo grande amor para conosco, consentiu que morresse na Cruz o seu Filho; e quis, ainda, estar presente à sua morte, a fim de que o sacrifício fosse cumprido pelo Filho e pela Mãe ao mesmo tempo. Imaginai agora as dores que Maria sofreu por amor nosso! Aqueles sete gládios, onde ela teve traspassado o coração, dizem-nos que Maria nos quis tanto bem, que cooperou para sacrificar o seu Jesus a fim de livrar-nos do inferno e nos dar ao Paraíso. Vedes o esforço de caridade heroica que fez por nós?


4 – Maria continua a nos amar


Não vedes as graças que ela continuamente do Céu derrama sobre a terra? Não vo-lo dizem os numerosos Santuários, as basílicas, as igrejas, os altares, as imagens que lembram os inumeráveis prodígios operados por ela em favor dos filhos. Que sorte, então, é a nossa! Que pensamento consolador para todos: saber que temos uma mãe afetuosíssima, que sente compaixão de nossas dores, que nos socorre em todas as necessidades, que nos protege, e que nos dá as graças apenas quando é invocada, mas até sem que nós lhe peçamos:


Livre, te praz sem súplica valê-lo”.

(Par. XXXIII,18)


Occurrit ejus pietas prius quam invocetur (Ricardo de S. Vítor)


Ama os pecadores


Ainda há isso a acrescentar! Uma rainha terrena, por boa que seja, não amará por certo os súditos rebeldes ao rei; no entanto, a Rainha do Céu ama até os inimigos do Rei dos reis, isto é, os pecadores. Não é ela invocada pela Igreja com o título de “Esperança e Refúgio dos pecadores”? Quantos desgraçados culpados, já perto do desespero, encontraram misericórdia na boa mãe que os acolheu e os reconciliou com Deus!


Santa Maria Egipcíaca († 432) – Célebre entre os muitíssimos pecadores que experimentaram a piedade de Maria. Mocinha ainda estabelecera-se em Alexandria, onde permaneceu por 17 anos numa vida escandalosa e dissoluta. Um dia, ao ver grande multidão de gente que se ia a Jerusalém para a festa da Santa Cruz, lá quis ir ela também. Mas como? Chegado à porta da igreja, sentiu-se repelida por força invisível. Muitas vezes tentou ali entrar, e era sempre rejeitada. Que tremenda condenação! Pensou, então, na abominável vida pregressa e chorou de remorso. Entretanto, havendo erguido ao acaso os olhos, viu-se sobre o muro uma imagem de Maria Virgem que parecia fitá-la em ato piedoso. Suplicou-lhe prostrada no chão e foi ouvida. A mísera pode entrar na Igreja e venerar a Cruz. Saindo dali se retirou num deserto, onde ficou por mais de 40 anos; e se tornou uma austeríssima penitente e uma grande santa. Eis um dos muitíssimos triunfos da piedade maternal de Maria Santíssima.


Se é assim, que confiança e que amor não devíamos nós conceber por tal mãe?! Daí a necessidade da devoção a Nossa Senhora, para todos nós, se queremos salvar-nos; pois é impossível que se dane quem é devoto de Maria, como o diz Santo Anselmo: “Omnis ad te conversus, o Virgo, impossibile est ut pereat”. Consiste tudo em não errar, trocando a verdadeira devoção pela falsa.


Ora, qual é a verdadeira devoção que nos assegura o patrocínio da Virgem nossa Mãe?


Veremos no próximo post!



(Extraído do livro A Palavra de Deus em Exemplos, G. Montarino,

Do original La Parole di Dio per la Via d’Esempi)

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